Áspero, rude, sem papas na língua. Muitos podem usar adjetivos dessa forma para designar a postura do técnico Luís Felipe Scolari, mas a sinceridade é um ponto chave do gaúcho, que a utilizou mais uma vez na entrevista coletiva antes do confronto diante de Camarões nesta segunda-feira, às 17h, no Estádio Nacional, em Brasília. O alvo, dessa vez, foram pessoas que “estão fazendo bobagem” ao relatar favorecimento ao Brasil e até chance de manipulação de resultados.
O primeiro “recado” não foi nominal a ninguém, mas conforme o treinador falava, o alvo se mostrou muito claro: o técnico Louis Van Gaal, da Holanda. O treinador holandês reclamou do Grupo B jogar antes do Grupo A na rodada final e disse que isso era um “favorecimento” ao Brasil, que poderia escolher Holanda ou Chile para encarar nas oitavas. De quebra, disse que o Brasil não quer enfrentar a força holandesa. Felipão retrucou.
“Algumas pessoas se manifestam não sabendo, dizendo que a gente vai escolher adversário. Ou são burras, ou mal intencionadas. E eu repito: são burras ou mal intencionada. Se nós perdemos, nós classificamos? Nós temos que jogar para classificar, não temos que escolher nenhum adversário. Os horários foram escolhidos pela FIFA. Eu tenho que jogar, não temos que escolher um ou outro. Estou conhecendo as pessoas, principalmente por aquilo que o Rivaldo me falava”
Felipão citou Rivaldo justamente porque o brasileiro teve uma série de problemas com Van Gaal na época em que atuava pelo Barcelona e o treinador teve uma passagem pelo clube. Van Gaal, aliás, já destacou não aprovar jogadores brasileiros, em grande maioria. Felipão destacou que poderia ser uma má intenção, e isso se encaixa na polêmica levantada pelo chefe de segurança da FIFA, Ralf Mutschke, de que Brasil e Camarões poderia sofrer manipulação de resultado.
O chefe de segurança destacou que o jogo desta segunda-feira era de “alto risco” pela situação financeira da seleção camaronesa, e isso causou um mal-estar. Felipão apontou que outras seleções também estão desclassificadas e fazem jogos dessa importância, e considerou algo assim como um desrespeito à Camarões.
“A FIFA já se manifestou depois dessa situação. Camarões não tem hipoteticamente nada, mas tem brio, tem honra, tem vergonha, são jogadores que querem voltar pra sua pátria mostrando que perderam para um equipe melhor, tudo bem, mas que tiveram oportunidade, brigaram, lutaram. É isso que eu não admito que algumas pessoas falem, de manipulação ou que o Brasil pode escolher. É um absurdo, um desrespeito com Camarões, não é conosco”