Um ato de racismo tomou grande repercussão na última semana. O fato ocorreu na segunda-feira (26), quando uma moradora de um condomínio de luxo da capital se recusou a permitir a entrada de um entregador. De acordo com a lanchonete, que divulgou as mensagens racistas, a cliente disse que o entregador não entraria porque é negro.

No mesmo dia, mas antes da divulgação do caso, o candidato à prefeitura de Goiânia, Talles Barreto, participou de um debate promovido pelo Sistema Sagres. Um dos temas levantados foi o preconceito racial. Na oportunidade o prefeitável disse “não vejo que o goianiense em si é tão preconceituoso não”.

“Vejo nos goianienses um povo de certa forma carinhoso e receptivo. Tem essas situações de preconceitos, mas a gente não pode generalizar isso”, completou Talles Barreto.

Sobre o tema, o Debate Super Sábado desta semana entrevistou o mestre em Educação, Linguagem e Tecnologias, educador, escritor/poeta, artista da palavra e produtor cultural em Brasília-DF, Pedro Ivo.

Racismo como herança

É importante voltar os olhos para a história para compreender melhor como o racismo chegou até nós, brasileiros. Esse ato preconceituoso é uma herança dos europeus. Assim, desde o século XVI o racismo adentra a sociedade como uma construção coletiva de pensamento, como define Pedro Ivo. Ele explica ainda que esse é um problema ocidental.

“Foi a subjugação da raça negra que trouxe a construção de todo o ocidente, de todas as cidades do ocidente, de todos os países do ocidente foi a escravização desses povos africanos”, relembra o professor.

Vale ressaltar que a própria forma de chamar esses povos de negros e africanos também foi uma denominação do colonizador. “Ancestralmente éramos nagôs, bantus, quiguntos e quicongos. De maneira alguma nos considerávamos negros, africanos ou pretos”, explica Pedro Ivo.

Assim, o professor Pedro Ivo explica que o racismo foi implantado nessa diferenciação por raça. “Se fosse só a diferenciação estava ok, porque somos diferentes. Mas é uma diferenciação a partir do menosprezo, da subjugação ou da inferiorização dessa outra raça”.

Dili Zago é estagiária do Sistema Sagres de Comunicação, em parceria com o Iphac e a Faculdade Araguaia, sob supervisão do jornalista Vinicius Tondolo.