Um estudo da Montclair State University de Nova Jersey, revelou que um terço dos detentos nos Estados Unidos são libertados porque se descobriu que foram vítimas de erro judiciário, e assim, condenadas por crimes que não cometeram. Estatísticas da organização The National Registry of Exonerations mostram que, em um período de 1989 a 2020, 2 MIL 655 presos foram libertados nos Estados Unidos, pelo mesmo motivo.

No entanto, há vários fatores que podem levar a uma condenação injusta, entre elas a condenação antecipada feita pela mídia e julgamentos e ameaças feitas pela sociedade nas redes sociais. Diante deste cenário, para conversar sobre o assunto, o Debate Super Sábado (22) entrevistou o advogado criminal e mestre em direitos humanos pela UFG, Rodrigo Lustosa; a psicanalista, Amanda Lopes; e a jornalista e produtora de conteúdo digital, Karolina Vieira.

Rodrigo Lustosa inicia o debate afirmando que o sistema de Justiça e o Poder Judiciário, devia repudiar situações dessa natureza. “De fato, essas ações são muito mais recorrentes do que se pode imaginar… nós não temos um sistema de justiça confiável, da perspectiva da produção de provas e descobrimento da realidade subjacente aos fatos. No entanto, diferentemente do que acontece em outros países, nós não temos e não buscamos ter estatísticas nesse sentido”, declara.

A realidade é facilmente detectável em uma simples consulta ao site do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, ressalta Rodrigo Lustosa. “Nós poderemos encontrar numerosas revisões criminais julgadas procedentes, muitas delas referentes a pessoas que estavam definitivamente condenadas e comprindo as suas penas e, que ao depois se descobriu que eram inocentes.”

Quando se fala em justiça, o julgamento cabe apenas as autoridades, deixando a vítima sem poder para agir, que busca apenas justiça para se sentir mais segura, independente do culpado. “Quando acontece um crime, principalmente um crime violento, a necessidade dessa condenação faz com que a pessoa tenha uma sensação de que aquilo está afastado dela, não só afastado na questão social, mas também afastado em uma qustão subjetiva, aquilo pertenca a um outro que está longe de mim”, afirma a psicanalista, Amanda Lopes.

Quando o assunto é rede social, o buraco é muito mais embaixo, as pessoas estão expostas a crimes de todos os tipos. “Um mal entendido, pode causar uma crise de imagem muito profunda. Nas redes sociais, a ânsia por justiça das pessoas é o resultado do cancelamento. Uma coisa que a gente preciasa prestar atenção é que muitas vezes algumas coisas na internet são só opniões e, em outros casos, pode ser realmente que se configure em crime. A partir do momento que a gente tem uma pessoa que prática alguma agressão, no sentido de racismo… já é considerado um crime, tanto que sai das redes sociais e se torna um processo dentro do judiciário”, explica a jornalista e produtora de conteúdo digital, Karolina Vieira.

Ouça as edições anteriores do Debate Super Sábados