NATÁLIA CANCIAN / BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Gestantes que tomaram a primeira dose da vacina da AstraZeneca contra a Covid-19 devem aguardar até o fim da gestação e do puerpério (até 45 dias após o parto) para completar o esquema vacinal com a segunda dose.

A orientação consta de nota técnica divulgada nesta quarta-feira (19) pelo Ministério da Saúde.

A medida ocorre após a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) orientar a suspensão temporária da aplicação da vacina da AstraZeneca em gestantes e puérperas no país.

A decisão foi tomada como precaução após a morte de uma gestante do Rio de Janeiro que havia tomado a vacina e teve caso suspeito de síndrome de trombose com trombocitopenia (baixa quantidade de plaquetas no sangue), quadro extremamente raro, e cuja relação com a vacina é investigada.

Com a suspensão, a vacinação de gestantes que ainda não tinham recebido as doses passou a ocorrer no país com os imunizantes da Pfizer e do Butantan. Também ficou restrita a gestantes com doenças preexistentes.

Mas havia dúvidas sobre a orientação da Saúde para as gestantes que haviam recebido uma dose da AstraZeneca.

Hoje, o prazo regular para aplicação da segunda dose da AstraZeneca é de três meses. Com a mudança, algumas gestantes podem ter prazo maior para receber a segunda dose.

Grávidas e puérperas que receberam a primeira dose da vacina do Butantan ou da Pfizer devem completar o esquema no intervalo recomendado para cada uma – de 4 e 12 semanas, respectivamente.

Segundo o ministério, até 10 de maio, mais de 15 mil grávidas foram vacinadas com a AstraZeneca no Brasil. Não há informações sobre outros casos de eventos adversos graves.

Em nota, a pasta orienta que gestantes e puérperas que receberam a vacina da AstraZeneca procurem atendimento médico imediato se apresentarem, em 4 a 28 dias após a vacinação, algum efeito adverso, como falta de ar, dor no peito, inchaço nas pernas, dor abdominal persistente, dor de cabeça persistente e forte, dificuldade na fala ou sonolência e pequenas manchas avermelhadas na pele (fora do local em que foi aplicada a vacina).

A nota diz que o benefício das vacinas em gestantes e puérperas se mantém favorável, já que o risco de morte por Covid no país este ano tem sido 20 vezes superior ao risco de ocorrência de tromboses registrado na literatura médica.

“O perfil de benefício/risco desta vacina é ainda altamente favorável, e deverá continuar a ser utilizada pelos demais grupos”, informa.

O documento lembra que casos de trombose como o registrado no Rio têm sido investigados por uma associação causal com vacinas de vetor viral não replicante “”como a da AstraZeneca. Mas têm sido extremamente raros.

A partir de dados em outros países, a incidência é estimada em um caso a cada 100 mil doses administradas, “sendo que ainda não foi possível estabelecer fatores de risco para ocorrência da mesma, e a quase totalidade dos eventos foram notificados após a primeira dose”, completa.