Três das 23 distribuidoras que estavam bloqueadas desde a última segunda-feira (13) em Goiânia e Senador Canedo foram liberadas na manhã desta quarta-feira (15), feriado nacional de Proclamação da República.

De acordo com o vice-presidente da Cooperativa de Motoristas Particulares de Goiás (Coompago), Rodrigo Fernando de Jesus, no final da tarde desta terça-feira (14), quatro viaturas da Polícia Militar e do Batalhão de Choque chegaram a um dos três locais citados na ordem judicial expedida pelo juiz Péricles Di Montezuma, da 7ª Vara Cível de Goiânia, para iniciar a desocupação.

A ordem judicial foi encaminhada por um oficial de Justiça na manhã de hoje (15), com a presença da PM. O vice-presidente criticou a postura dos policiais, relatou que os manifestantes ficaram com medo e que, também por isso, resolveram liberar o acesso às distribuidoras.

“A ordem deles era simplesmente entrar para permanecer dentro de um dos condomínios de petróleo da Petroball, e assim permaneceram até a manhã de hoje (15), em que, em uma atitude errada em exigir a desocupação sob ameaça de prisão do presidente da cooperativa, se não houvesse a desocupação. E com medo mesmo, que a gente teve, a gente acabou desocupando, tinha poucas pessoas eles fizeram isso sob pressão. Conseguiram, mas ficou registrado que eles cometeram um abuso e, assim, uma ilegalidade”, afirma.

O assessor de comunicação da PM em Goiás, tenente coronel Marcelo Granja, rebate as críticas e diz que os policiais prestaram apoio ao oficial de Justiça, e que a ordem judicial deve ser cumprida, com ou sem o consentimento dos manifestantes.

“A Polícia Militar vai para cumprir a ordem, de forma pacífica ou não. A partir do momento que o oficial de Justiça faz a leitura da ordem, e eles (manifestantes) não saem, a PM vai usar da força necessária para tira-los de lá. Ou seja, a PM iria cumprir de uma forma ou de outra. Eles saindo ou não, a PM iria cumprir, com a utilização de agentes químicos ou não. Ordem judicial não é para ser discutida, é para ser cumprida”, ressalta.

O tenente coronel Granja diz que o procedimento seguido pelos policiais é padrão, e inicia com a apresentação de um negociador da PM.

“Não vejo dessa forma porque toda vez que a Tropa de Choque vai para o local, vai um negociador, específico, formado na área de negociação, para o local. Então primeiro tem a conversa com o oficial de Justiça, o negociador da PM. Posteriormente é que a Tropa de Choque vai entrar no local para fazer a desobstrução”, explica.

As distribuidoras desobstruídas foram a Alcoolbras e a Petroball, ambas em Senador Canedo, e a Petrobras Novo Mundo, na região leste de Goiânia. Ainda na tarde de ontem (14), após a expedição da liminar, alguns postos da Capital, como o da esquina das Ruas 82 com Dona Gercina Borges Teixeira, no Setor Central, cuja bandeira é da Petrobras, começaram a receber os combustíveis.

Falta de apoio

Ainda de acordo com o vice-presidente da COOMPAGO, o bloqueio segue sendo realizado em outras 20 distribuidoras da Capital e de Senador Canedo. Rodrigo Fernando de Jesus reclama que os protestos na porta das distribuidoras não tiveram apoio da população e nem de empresários do setor de combustíveis.

“O que mais faltou nessa movimentação foi o apoio da população. Se os empresários tivessem fechado as portas por um dia e colocado que precisariam dessa redução (…). A gente sabe que os motores a combustão estão ultrapassados há 70 anos, mas continuam rodando porque isso dá dinheiro, dá poder a muitas pessoas. A população em si simplesmente está aí, se divertindo, sentada observando da mesa, tomando sua cervejinha como se nada estivesse acontecendo. E ainda fica chateada, porque não vai ter combustível, por exemplo, para ir no seu passeio. Combustível esse que pode chegar a R$ 10, R$ 15. Vai chegar um momento em que a maioria da população não vai ter condições de manter um veículo”, analisa.