Quando canta Murilo vai longe. As dificuldades ocasionadas pela deficiência visual e pelo autismo se tornam pequenas diante de seu talento. Foi na Associação de Serviço à Criança Especial deGoiânia (Ascep) que Murilo encontrou o respaldo necessário para se desenvolver.
(Foto: Larissa Artiaga/ Sagres on)
Fundada em 1987, a Ascep é uma instituição filantrópíca sem fins lucrativos que atende mais de 70 crianças e adolescentes, com transtorno mental, deficiência intelectual e física, em regime interno, centro dia e escola de ensino especial gratuito, administrada pela Sociedade São Vicente de Paulo, desde 1999.
Hoje com 23 anos, Murilo está na Ascep desde 2010. Durante parte da manhã, de segunda a sexta-feira, ele realiza atividades relacionadas às áreas de psicologia, psicomotricidade, psicopedagogia, expressão e musicoterapia.
Para a diarista Marlene Costa Freire, de 46 anos, a mãe do Murilo, o empenho dos funcionários da Associação foi e continua sendo fundamental para a evolução de seu filho.
“O que eu tenho para falar para as mãesé que tem que ter força. Muita força de vontade. Faça pelo menos a metade do que os profissionais falam. Se eu não tivesse feito o que eles pediram, o Murilo não estaria tão bem como ele está, graças a Deus”, reforça.
Lado humano
(Foto: Larissa Artiaga/ Sagres on)
Nas sessões de musicoterapia, Murilo é orientado pela musicoterapeuta Micaele Santos. Emocionada, a profissional relata que não só ensina, como também aprende com os alunos.
“Hoje nós estamos trabalhando com um projeto, o mec, que é musicoterapia, expressão e capoeira. Eu criei juntamente com a Cássia, que é a professora de Arte e Expressão. Eles estão amando. O Murilo é muito especial aqui na Ascep. Quando eu vi o Murilo pela primeira vez eu me emocionei, a questão musical dele é muito forte”, conta.
O carinho expresso pela musicoterapeuta Micaele, traduzido harmoniosamente em forma de música, é compartilhado em tom maior pelos outros 64 funcionários da Ascep. Prova disso, é o sorriso estampado no rosto da Vitória, de 09 anos, que mora na instituição desde que tinha sete meses.
Segundo a enfermeira, Elisia de Lourdes, que está na Ascep há cerca de um ano, o nome Vitória, faz jus às conquistas da menina que pouco a pouco está superando as adversidades causadas pela paralisia cerebral.
“Quando eu cheguei aqui ela não conseguia segurar o pescoço na cadeira, ela é cadeirante, teve paralisia cerebral e quadriplegia (perca dos movimentos superiores e inferiores). Hoje ela tem uma sustentação no pescoço e senta sozinha. Meu relacionamento com ela vai além disso aqui (Ascep)”, afirma.
A enfermeira Elísia e a menina Vitória (Foto: Larissa Artiaga/ Sagres on)
Amor e força de vontade não faltam para a senhora Balbina de Sousa, de 44 anos, e para sua filha, a menina Glorinha, de 09 anos. A menina, que é cadeirante, nasceu com uma deficiência mental em virtude de uma toxoplasmose contraída pela mãe durante a gravidez.
Glorinha recebe atendimento na Ascep desde que tinha dois anos. Abandonada pelo marido logo após dar a luz, dona Balbina relata que encontrou na Ascep uma parceira, que acolhe e cuida de sua filha para que ela possa trabalhar.
“Eu chorei quando eu peguei ela no colo e vi que ela era deficiente. Meu coração bateu forte e eu olhei para ela e falei: é minha filha, você não é normal. Deus me deu uma força tão grande, tão pequenininha e precisa tanto da gente. Eu não podia abandoná-la de forma alguma, como fez o pai dela. Só Deus. A Ascep me ajuda porque a minha criança não fica com meus pais, meu irmão, não fica”, explica.
Dona Balbina e sua filha Glorinha (Foto: Larissa Artiaga/ Sagres on)
Escola
Ao todo, 96 educandos são beneficiados pela escola especial da Associação. A pedagoga e coordenadora pedagógica da escola, Larissa Rejane de Oliveira, explica que projeto educacional funciona por meio de um convênio firmado entre a Ascep e a Secretaria Municipal de Educação (SME).
“A SME é responsável por todos os recursos humanos da escola. A Ascep é responsável pelo prédio, pelo espaço físico. Nós atendemos os moradores da Ascep, o centro-dia, que são as pessoas que passam o dia na Ascep e retornam para casa no final do dia, recebemos os alunos de fora que vem para a escola no turno matutino ou vespertino e recebemos também os educandos que vem para o atendimento educacional especializado. Esses educandos estudam na rede municipal de educação, tem algum tipo de deficiência e precisam desse atendimento”, esclarece.
(Foto: Larissa Artiaga/ Sagres on)
Além da escola especial, a Ascep possui também um centro médico, que é aberto à comunidade. De acordo com a gerente administrativa da instituição, Maria Mercês, o atendimento na centro é feito por meio de convênios.
“O centro médico funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h. Temos atendimentos nas áreas de psicologia, nutrição, fisioterapia, fonaudiologia, pedagogia, pisquiatria e musicoterapia. Os atendimentos são feitos da seguinte forma: os pacientes da fisioterapia são pessoas que vem por meio de regulação da secretaria municipal de Saúde. Os outros atendimentos são feitos por meio de convênios com o Imas e com a Geap. Pessoas sem deficiência podem conseguir atendimento no centro sim, por meio dos convênios”, declara.
(Foto: Larissa Artiaga/ Sagres on)
Como doar
As despesas da instituição são altas. Segundo a presidente da Ascep,Célia Ricardo de Souza, cerca de R$ 80 mil reais são gastos por mês somente com a folha de pagamento.
“Nosso assistido é totalmente dependente. Nós temos 22 moradores e cuidamos deles 24h. Até bem pouco tempo 70% (das receitas) era proveniente de doações da comunidade e 30% era proveniente de parcerias. Infelizmente isso hoje está um pouco invertido. Nossa parceria é com o município. Estamos com problemas porque eles também estão com problemas e não estão nos pagando. Estamos passando por um momento de muita dificuldade”, reitera.
Ainda segundo a presidente, uma parte das recursos da Ascep é usada na compra de remédios e itens básicos de higiene para os 22 moradores que dependem totalmente da Associação. Nesse sentido, toda ajuda é bem-vinda.
A Ascep está localizada na Rua Puccini, nº 145, no Jd. Europa, em Goiânia. O telefone da instituição é o (62) 3239-0400. Para ser um voluntário basta entrar em contato com a Associação. Você pode ajudar a Ascep depositando qualquer valor em dinheiro em uma das seguintes contas bancárias:
1. Banco do Brasil
Ag..: 1841-4
C/C..: 5948-X
2. Banco Itaú
Ag..: 4308
C/C.: 08414-6
3. Caixa E. Federal
Ag..: 3037
Op..: 003
C/C.: 2044-8
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