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O cientista política Alberto Carlos Almeida, autor do livro “O voto do brasileiro” concedeu entrevista ao programa Manhã Sagres nesta quinta-feira (13), e avaliou o cenário da disputa presidencial em 2018.
Entre os candidatos, Almeida entende que Fernando Haddad (PT) receberá a transferência de votos, mas não somente pela figura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cujo registro de candidatura não foi aceito pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
“Quando a gente pensa em transferência de votos, não pode só considerar a figura de Lula. É uma figura importante, não tenho a menor dúvida, mas existem outros. É um partido que trabalha unido. O crescimento do Haddad se dará não somente por conta de ser o candidato de Lula, mas por ser o candidato de um partido forte, que tem conexão e enraizamento social”, avalia.
Alberto Carlos Almeida diz que vê a chamada centro-esquerda segura no segundo turno, mas que a centro-direita encontrará dificuldade para se garantir na disputa final.
“São os vermelhos versus azuis. A centro-esquerda tem toda possibilidade de colocar seu candidato no segundo turno. Já vimos nas últimas duas pesquisas Datafolha um crescimento de 4 para 9 pontos da candidatura do Fernando Haddad. A dificuldade toda é do lado dos azuis. A disputa é de uma vaga pelo lado dos azuis, e essa vaga ficará ou com Bolsonaro ou com Geraldo Alckmin (PSDB)”, argumenta.
Na disputa de centro-esquerda, o cientista entende que é Haddad quem ameaça Ciro Gomes (PDT), e não o contrário, como alguns avaliam. “Haddad e PT não estão atacando Ciro, eles não precisam atacar Ciro para crescer. Os votos do PT já estão com o PT, na figura de Lula. Quem deposita os votos em Lula, deposita em uma candidatura que hoje é de oposição ao governo Temer. O Ciro está querend bloquear essa mudança de voto de Lula para Haddad criticando e desqualificando Haddad”, afirma.
Do outro lado, na disputa da direita, o cientista político entende que ainda é cedo para cravar a presença de Jair Bolsonaro (PSL) em uma possível disputa no segundo turno. “Eu não cravaria neste momento. Eu tenho o aprendizado na eleição passada, com o crescimento da Marina abrupto. O Eduardo Campos, antes de sua trágica morte, tinha em torno de 10% da intenção de voto, e a Marina, quando entrou na campanha depois do acidente aéreo, atingiu 30%. Naquele momento parecia que ela estava no segundo turno. Ela acabou não indo. Convém evitar o mesmo equívoco”, conclui.