O goleiro Márcio, em entrevista à Sagres (Foto: Divulgação)
A vitória deste sábado (16) sobre o Goianésia significou muito para um atleta em especial: o goleiro do Galo, Márcio. Experiente, o arqueiro de 38 anos relembrou a derrota para o Crac na última rodada, ocasião na qual perdeu um pênalti e acabou tomando um raro gol de longa distância.
“Sei que posso ainda ajudar tecnicamente falando. No jogo passado, por exemplo, perdemos porque eu fui mal. Eu perdi um pênalti, tomei um gol do meio da rua, sem desmerecer o chute do cara (Tiago Garça), foi um grande chute”, reconhece, em entrevista ao repórter Rafael Bessa, na saída do gramado no Olímpico.
Além da derrota, Márcio relata o que mais doeu naquela partida válida pela 10ª rodada da competição estadual. Segundo ele, faltou respeito nas arquibancadas para com a sua família, que assistia ao jogo.
“Uma coisa que me doeu bastante, e aí eu quero aproveitar a popularidade, a audiência da sua rádio, é que, infelizmente, eu trago minha família para assistir ao jogo do Goiânia porque eu acho um ambiente propício para isso. E por um jogo ruim meu, algum torcedor, que eu não acredito que seja um torcedor do Goiânia de verdade, é um cidadão ruim, tentou me agredir agredindo minha família. Meus três filhos estavam aqui, e eu estou jogando ainda para mostrar para eles. Meu filho está gostando de futebol cada vez mais e eu tinha prometido que eu iria mostrar a meu filho jogar em alto nível. Eu tive que explicar tudo para ele, as coisas são assim mesmo. Não liga para o que falam de você, como o papai não liga. Foi uma situação muito triste e eu não trouxe eles hoje, mas nas finais eu vou trazer”, revela.
A classificação do Galo para a próxima fase veio ao final de uma triste semana, em que mais uma vez o Brasil acompanhou uma tragédia envolvendo jovens, no massacre da escola estadual Raul Brasil em Suzano, São Paulo. Para Márcio, o futebol vem para trazer alegria em tempos difíceis, e não o contrário.
“Nós estamos vivendo um momento muito difícil no país, politicamente e tragicamente falando. As pessoas dão muita importância ao futebol, de um jeito que não é para dar. Futebol tem a sua importância, sua significância, para tentar amenizar um pouquinho desse momento ruim que a gente passa. Não estou pedindo aplausos quando a gente erra, apenas respeito com o cidadão, com a minha família, e isso faltou”, conclui.
O técnico Artur Neto, com quem Márcio já foi campeão nos tempos de Atlético, saiu em defesa do camisa 1. “Há uma semana atrás, ele não teve uma das tardes mais felizes. Quantas tardes felizes esse jogador teve comigo? Quantas batalhas tivemos juntos e ele fez partidas memoráveis? Nós comentamos sobre isso, ‘Márcio, nada como um dia após o outro, você vai recuperar pela sua qualidade, hombridade e profissionalismo. Quem sabe vai ser no próximo jogo, porque você tem capacidade para isso’. Todo mundo viu a partida que ele fez, esse é o Márcio. Ninguém é perfeito, tem dias que as coisas não correm muito bem a qualquer um de nós. Hoje ele mostrou de novo o grande profissional que ele é”, destaca.