Foto: Arquivo/Reprodução/Facebook
A Polícia Federal (PF) aprendeu na manhã desta quinta-feira (28) cerca de R$ 2,3 milhões com dois presos na segunda fase da Operação Decantação. R$ 1 milhão estava no carro de Luiz Alberto de Oliveira, conhecido como Bambu. Mais R$ 1,3 milhão foram encontrados na casa de Gisella Albuquerque, filha de Bambu, também presa.
Bambu foi auxiliar de Marconi Perillo (PSDB) e foi preso com mais quatro pessoas. A casa do ex-governador José Éliton (PSDB) também foi alvo de mandado de busca e apreensão. Além do dinheiro, a polícia apreendeu seis armas.
Luiz Alberto Bambu, como é conhecido, é advogado e foi chefe de Gabinete de Gestão da Governadoria e secretário de Relações Institucionais e chefe de gabinete nos dois últimos governos de Marconi Perillo. Ele foi articulador político da base marconista.
Em novembro de 2015 solenidade de entrega do título de cidadão goianiense, proposta pelo tucano Anselmo Pereira, levou a cúpula do governo à Câmara de Goiânia. Estavam presentes o governador, Marconi Perillo, o vice-governador, José Éliton e o deputado federal Giuseppe Vecci, além de secretários de Estado e outros deputados.
Além dos dois, tiveram mandados de prisão temporária o empresário dono da Sanefer, Carlos Eduardo Pereira da Costa; o ex-diretor de gestão corporativa da Saneago, Robson Borges Salazar e a empresária Nilvane Tomás de Sousa Costa. Robson e Carlos Eduardo haviam sido presos temporariamente na primeira fase da mesma operação, em 2016.
A Polícia Federal chegou a pedir a prisão do ex-governador José Éliton. O procurador da República, Hélio Telho, no entanto, deu parecer contrário, alegando falta de atualidade dos fatos a ele imputados. O juiz Rafael Slomp, titular da 11ª Vara da Justiça Federal, negou o pedido. Em 2016, a Operação Decantação alegou que José Éliton, que era vice-governador, utilizou aeronaves da empresa Sanefer, uma das denunciadas pelo MPF.
Hoje houve busca e apreensão também nas residências de Charlle Antônio Gomes, ex-chefe de gabinete de José Éliton; de Luiz Alberto Bambu; de Gisella Albuquerque; de Carlos Eduardo Pereira da Costa, da empresária Nilvane Tomás de Souza Costa e nas sedes das empresas Lual Administração e Participação e Lual Investimento e Empreendimento.
A defesa do ex-governador afirmou por meio de nota que “não existem fatos ou elementos que coloquem em suspeita a lisura de José Eliton como vice-governador ou como governador”. Confirma que a única medida decretada pela justiça foi a busca em sua residência. De acordo com a defesa, os fatos investigados pela operação teriam ocorrido entre 2014 e 2016. A nota é assinada pelo advogado Tito Souza Amaral.
Também por meio de nota, a defesa de Robson Salazar diz que não há fundamento para a prisão, e que acredita na Justiça. Leia a nota na íntegra.
“A defesa de Robson Borges Salazar não vislumbra o mínimo fundamento que seja para o decreto de prisão cumprido por ocasião da deflagração da Operação Decantação 2.
A decisão foi proferida por Juízo incompetente, posto que os fatos são conexos com suposto delito de “caixa 2”, afeto à competência da Justiça Eleitoral, sem observar a contemporaneidade dos fatos com a deflagração da medida, além de desconsiderar os requisitos para a prisão, tais como a imprescindibilidade da medida.
Não obstante, os fatos que ensejaram a medida tão gravosa, já foram devidamente esclarecidos no âmbito do Justiça, por meio de defesa preliminar apresentada em 18/05/2018, entretanto, até o presente momento, ainda não apreciada.
No mais, a defesa acredita na Justiça e está buscando o restabelecimento da liberdade de Robson Salazar.
Romero Ferraz Filho e Luís Alexandre Rassi“.
Histórico
Deflagrada em 24 de agosto de 2106, a Operação Decantação investigou desvio de R$ 4,5 milhões. Prendeu, na época, 14 pessoas e conduziu 21 coercitivamente. Entre os presos estavam o presidente da Saneago, José Taveira, o presidente regional do PSDB, Afrêni Gonçalves. Os desvios teriam ocorrido em parcelas de recursos federais para obras no Lago de Corumbá, no Entorno do Distrito Federal, e em obras de saneamento, em Goiânia.
A PF e o MPF investigaram suspeitas de uso de recursos públicos pelos comitês de campanha eleitoral, voos cedidos a José Éliton, pagamentos a políticos por caixa 2, mesadas, trocas de favores e compras de presentes. Os acusados foram denunciados pelo MPF em janeiro de 2018, mas até o momento a denúncia ainda não foi acatada pela Justiça Federal.
*Matéria atualizada dia 29/03, às 15h21, com a confirmação dos valores apreendidos.