(Foto: Celso Pupo)
Na última quarta – feira (27) o técnico do Flamengo, Abel Braga, passou mal durante o clássico contra o Fluminense. Saiu de cadeira de rodas do Maracanã e teve que passar por um procedimento cirúrgico no coração. O caso do rubro – negro não foi o primeiro em que um treinador cede à pressão.
Outros profissionais conhecidos no futebol brasileiro também sofreram com problemas no coração recentemente. No fim do ano passado, Cuca informou que não renovaria com o Santos pois teria de passar por uma cirurgia cardíaca. Murici Ramalho, então técnico do São Paulo, também sofreu com o mesmo problema. Ademir Fonseca, ex – técnico do Vila Nova, recentemente infartou após um jogo do Uberlândia, pelo módulo II do Campeonato Mineiro. Outro caso conhecido é o de Ricardo Gomes, que sofreu um AVC quando comandava o Vasco.
Aqui no futebol goiano, Enderson Moreira era o técnico do Goiás em 2013, quando na reta final do Brasileirão, teve de realizar uma cirurgia no coração, pra muitos, um dos motivos que fizeram com que o esmeraldino não alcançasse a vaga para a Libertadores.
Pressão, falta de tempo para exercícios físicos e até mesmo o convívio com a imprensa foram os motivos revelados pelos técnicos dos quatro times de Goiânia para os problemas de saúde que os técnicos têm enfrentado.
“É um conjunto de coisas, que demonstra que trabalhamos sob uma pressão constante e vocês da imprensa colaboram muito com isso”, brincou Maurício Barbieri, técnico do Goiás.
“É difícil ter uma rotina em função do calendário, por causa das viagens e jogos, fica difícil ter uma assiduidade quanto aos cuidados com a saúde. É um problema que todos devem olhar com mais cuidado, inclusive as Federações e a CBF. Particularmente torço para que fique tudo bem com o professor Abel”, completou o comandante esmeraldino.
Mais experiente dos técnicos da capital, Artur Neto ressaltou a pressão sobre os técnicos como principal motivo para os problemas recentes.
“A pressão é imensa. Tudo aquilo de negativo que acontece durante um jogo recai sobre o treinador e isso piora a situação. Como sempre pratiquei esportes, até porque fui atleta, estou com exames e a saúde em dia”, disse Artur.
Já Eduardo Baptista, revelou que controla o nervosismo durante os jogos com um ensinamento de seu pai, o técnico Nelsinho Baptista, que trabalhou no Goiás em 2002, além de ter treinado outros grandes times do futebol brasileiro.
“É preocupante, mas eu tenho um professor muito bom, o Nelsinho Baptista (pai). Trabalhei com ele por 10 anos, ele está com quase 70 e melhor do que eu, e sempre me falou que no jogo em si, nós temos o controle de 50%, o restante está com os jogadores, então não adianta ficar martirizando, ficar doente por isso. Por mais que a gente se cobre, tem um momento que precisamos desligar”, ressaltou.
Wagner Lopes, técnico do Atlético, ressaltou que cuida da saúde e lembrou que muitas coisas envolvem a profissão, que consequentemente levam aos problemas pelos quais passam os profissionais.
“A pressão é muito grande sim. Eu me preocupo comigo também, mas infelizmente a profissão de técnico de futebol no Brasil não é reconhecida pelas leis. Nós estamos tentando em Brasília esse respeito pela profissão de treinador. Nós estudamos muito e a primeira coisa que a gente ouve é “burro”. O stress acontece porque temos que tomar as decisões com o jogo em andamento, o futebol é imprevisível, treinamos algo durante a semana e depois muda tudo. Somos cobrados pela execução dos jogadores e julgados pelo grande público de uma forma passional. A energia boa vem, mas a ruim também, então procuro me cuidar praticando esportes e com exames semestrais”, concluiu.