Três denúncias de cirurgias cardíacas que não foram realizadas em Goiânia estão sendo investigadas pelo Conselho Regional de Medicina. Segundo o presidente do Conselho, Salomão Rodrigues, caso sejam apuradas irregularidades, os médicos que não realizaram os atendimentos poderão ser punidos.

“Essa punição é variável, depende de inúmeras circunstâncias. O código de processo penal e a lei 3.268 estabelece uma variação desde advertência confidencial até a cassação do exercício profissional”, informou o presidente.

Apenas dois cirurgiões cardiovasculares realizam procedimentos cirúrgicos em Goiânia. Segundo o presidente da Cooperativa de cirurgiões, Wilson Mendonça, desde abril de 2009, a categoria tenta uma negociação para reajuste salarial.

De acordo com o presidente da Cooperativa, atualmente o valor de R$890,00 é repassado para quatro profissionais que realizam uma cirurgia. Os médicos reivindicam o aumento para R$6 mil. Em dezembro do ano passado 19 médicos se descredenciaram do Sistema único de Saúde (SUS).

Irredutíveis

“Nós não voltaremos ao SUS caso não haja negociação pra receber os valores da tabela nacional. O dever de dar saúde ao povo seja ele municipal estadual ou federal é do governante não é do médico. O médico é instrumento que tem que ser credenciado ou não, que é pago ou não para poder trabalhar, declarou Wilson Mendonça.

Segundo o diretor do departamento de controle e avaliação da Secretaria Municipal de Saúde, Fernando Machado, o município não tem condições de atender ao pedido de reajuste da categoria.

“Foi pedido uma alteração para R$6 mil. Eu não digo que esse valor é justo ou não, o que eu digo é que o município de Goiânia não tem como arcar sozinho com esse tipo de alteração de valores. Tem que haver a participação do Ministério da Saúde, essa discussão tem que ser levada ao Estado também, por que mais de 60% das cirurgias que eram feitas em Goiânia eram de pessoas residentes de outros municípios do Estado”, alega.

Dr. Fernando Machado ressalta ainda que a população é atendida em dois hospitais que operam nas cirurgias cardíacas em Goiânia. Os pacientes que não forem atendidos, vão ser encaminhados por meio da Central Nacional de Alta complexidade para outros Estados.

Ipasgo

Os cirurgiões cardiovasculares também reivindicam aumento no atendimento pelo Ipasgo. Segundo o presidente do Instituto, Geraldo Lemos o pedido não pode ser atendido, mas o presidente informa que é aberto a negociações.

“Se os médicos me disserem que ao longo dos anos ficaram defasados eu concordo com eles, acho que eles deveriam pagar mais, mas também acho que o nosso servidor público deveria ganhar mais e o Ipasgo arrecadar mais. Vamos tentar resolver tudo isso sem agressão e radicalismo”, diz o presidente do Ipasgo.

Para o secretário do Trabalho do Sindicato dos Médicos de Goiás, Eduardo Santana a negociação deve ser feita sem prejuízo a população. “De um lado tem a defesa dos profissionais de saúde, dos profissionais médicos, e essa defesa só faz sentido se ela estiver atrelada com a defesa dos interesses da sociedade, informa o secretário.