Inicia nesta quarta-feira (1) as férias coletivas dos jogadores do futebol brasileiro, já que as atividades esportivas ainda estão paralisadas e não têm previsão de retorno. No entanto a redução salarial ainda é um impasse. Mesmo com algumas equipes do futebol nacional já concretizando a diminuição nos valores que os atletas devem receber nos próximos meses, no futebol goiano a negociação continua.
Após o Sindicato dos Atletas não aceitar as propostas de Atlético, Goiás e Vila Nova, e não apresentar uma contraproposta, a tendência é que as equipes agora lutem em outras esferas para chegarem a um ponto em comum. Em entrevista à Sagres 730 o presidente do Conselho Deliberativo do Atlético, Jovair Arantes, disse que é hora de pensar também no clube.
“Pelo fato do Atlético cumprir todas as suas obrigações, nós também queremos que os jogadores sejam cumpridores das obrigações deles agora. Estamos em um processo onde todos nós vamos pagar, cada um vai ter os seus problemas e cada um cede um pouco para ajudar a passar por essa pandemia que assolou o mundo inteiro. O Atlético não vai ceder às chantagens dos jogadores, todos eles têm que entender que sempre fomos um time que cumpriu com eles e eles precisam cumprir com a sociedade. O emprego deles é tão importante quanto os empregos dos outros funcionários do clube”, afirmou.
Jovair Arantes, presidente do Conselho do Atlético (Foto: Paulo Marcos/ACG)
Segundo o dirigente ainda não houve uma reunião com os atletas porque o Atlético havia antecipado as férias e muitos viajaram para suas cidades. Todavia ele acredita em um bom senso, já que grande parte do elenco já está há algum tempo no clube.
“Ainda não conversamos com os jogadores porque eles estão de férias, mas nossos jogadores sempre abriram mão do que podiam abrir para o Atlético chegar onde chegou. Nós mantivemos uma base grande do ano passado, todos conhecem muito bem, são comandados pelo Gilvan que é o capitão e o grande líder. Então queremos que eles entendam que o que vamos discutir com eles é o que tem que ser cumprido, porque os jogadores do Barcelona abriram mão de 70% do salário para ajudar o clube e assim que tem que fazer porque o clube morrendo eles não têm emprego, e nós já perdemos patrocínios”, analisou.
O presidente do Conselho rubro-negro reforçou que será essencial a redução dos salários dos atletas porque são os valores mais altos da folha de pagamento, já que com a suspensão das competições o clube também perdeu algumas receitas com patrocínios.
Jovair Arantes não confirmou, mas além do contrato da Unimed que se encerrou neste mês de março e não deve ser renovado neste primeiro momento, o Dragão também deve sofrer com a suspensão da parceira com a Estadium.bet e da WAM durante este período. Mesmo com a parte financeira comprometida, a instituição não pensa em aplicar a redução aos demais funcionários do clube.
“Nós não queremos diminuir salário dos nossos pequenos trabalhadores. Claro que os jogadores do Atlético não ganham tanto igual muitos jogadores do Brasil, mas tem atletas que ganham R$ 60mil, R$ 50mil, R$ 30mil, R$ 25mil e esses precisam entender que terão que dar uma ajudada. É necessário que ajudem o clube, que entendam que o momento não foi causado pelo Atlético. Mas nenhum jogador do Atlético falou nada ainda não, de repente estou bravo aqui, mas a braveza é com os atletas do Brasil inteiro e alguns sindicatos que se acham no direito de decidir pelas pessoas. Decidir por telefone como estão decidindo não está correto”, destacou.
Para ele não é momento de desespero dentro do CT do Dragão porque o clube tem os compromissos pagos em dia, mas vale alertar que os próximos passos de todos os times ainda estão incertos.
“Estou preocupado com o futuro de todos nós, não só do Atlético não. O Atlético de certa forma tem uma estabilidade boa, uma condição boa e conseguiu isso com muito sacrifício. Mas nós estávamos fazendo um investimento grande no Accioly, então pegamos um pouco da nossa economia e estávamos colocando lá e isso diminuiu um pouco do nosso fluxo de caixa. Nós temos que tomar cuidado porque não podemos colocar o Atlético em situação de desespero, o clube não deve nenhum mês para os jogadores e tem time por aí que deve três, quatro meses, calcula a situação que eles vão estar”, pontuou.
Além de buscar um acordo com os atletas, o Atlético também tenta apoio em âmbito nacional. De acordo com Jovair, o clube tenta encontrar alternativas juntamente com a Confederação Brasileira de Futebol e o próprio Governo Federal.
“Claro que ajuda sempre será bem-vinda e é necessário que o Governo Federal ajude e a CBF ajude. A Federação Goiana de Futebol nós nem falamos porque ela é ao contrário e faz é tirar dos clubes. Então nós mesmos temos que resolver nossos problemas. Claro que vamos correr atrás e cobrar, eu mesmo estou tentando junto com os líderes lá de Brasília para incluir no PROFUT, não é para ‘dar cano no Governo’, é só que os pagamentos de agora sejam encaixados nas últimas parcelas, alguma coisa desse jeito para que possa ajudar os clubes”, explicou o dirigente.
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