Em entrevista à RÁDIO 730, na manhã desta quarta-feira (10), o Presidente Regional do Democratas em Goiás e deputado federal reeleito, Ronaldo Caiado não poupou críticas à proposta de fusão entre o DEM e o PMDB, defendida por setores do partido em São Paulo. À Altair Tavares, Marcelo Heleno e Frederico Jotabê, ele repudiou a tentativa que definiu como “entreguismo” para calar as oposições.

Caiado ainda revelou que defende uma candidatura própria do partido à presidência da república em 2014 e disse trabalhar para que o senador Demóstenes Torres, companheiro de DEM, seja candidato à prefeitura de Goiânia em 2014.

Leia os principais trechos da entrevista

O senhor é contra ou a favor deste debate sobre uma possível fusão do DEM com o PMDB?

Eu sou totalmente contra. 100% contra. Isso que está sendo proposto por uma minoria paulista é uma excrescência. É um entreguismo. É algo que tem que ser repudiado não só pelos Democratas e pelos filiados, mas por todo o cidadão brasileiro. Essa minoria paulista, comandada pelo Kassab (prefeito de São Paulo), que só pensa em seus interesses pessoais, quer, de uma certa maneira, calar as oposições, mas não vai fazer isso.

Nós fomos escalados pela população brasileira para fazermos oposição, que é uma coisa digna e correta de todo o regime democrático. Não vamos aceitar essa tese dos que querem entrar pela porta dos fundos no Palácio do Planalto. Nós não vamos fazer esse jogo de entreguista, traidor, oportunista, de quinta coluna. Não é essa a nossa posição. Nossa posição vai ser com espírito público, altivez, dignidade e vamos manter o que sempre foi o nosso compromisso, que é a democracia brasileira.

Quando ganhamos, governamos. Quando a população nos escala na oposição, nós fazemos oposição. É isso que a sociedade espera desse partido e de todos nós. O Democratas não tem que pagar fatura de Kassab em São Paulo. Chega disso. Não podemos aceitar isso.

Em um primeiro momento, eu nem acreditei que isso tivesse sendo levado a sério. Isso é tão grave que você acha que é brincadeira. Nunca imaginei que as coisas tivessem avançando nessa proporção.

A política é cíclica. A cada momento na vida, há altos e baixos. Essa tese só é defensável por aqueles que fazem política para fazer negócio e não é a nossa característica e nem nunca foi. Como goiano, vou honrar os votos que a população me deu.

Em 2006, o DEM saiu apenas com um governador eleito, que foi José Roberto Arruda, no Distrito federal e nesse ano tem dois, em Santa Catarina e no Rio Grande do Norte. Em Goiás, elegeu pela primeira vez um vice-governador, a bancada federal cresceu de um para três deputados e manteve duas vagas na Assembléia Legislativa. Isso leva a crescer que o processo de queda  na votação do partido está contido?

Cada eleição, uma nova eleição. Cada dia, a sua agonia. Não tem a regra que seja definitiva para um processo político eleitoral. A cada momento, a população reage de uma maneira. O que é importante ser analisado nesse momento, com modéstia, é que a nossa atuação no Congresso mostrou que realmente estávamos cumprindo o que a população nos credenciou. Isso credencia o partido também. A ação do senador Demóstenes é reconhecida nacionalmente. Pra onde fosse, o partido levaria não só o tempo de rádio e televisão, mas lideranças importantes que tem credibilidade junto à sociedade goiana,. Isso fez com que houvesse uma tendência em votar no partido. É um trabalho.

O Democratas teve um reconhecimento de uma atuação dura nossa no Congresso Nacional, de uma atuação direta. Não nos omitimos nem saímos do debate. Não pensamos apenas no interesse de voto, ou de oportunismo, mas defendemos a oposição que a sociedade esperava. Em 2012 já teremos outra realidade.

O DEM cresceu principalmente em Goiás. Alguns membros do partido colocam que a aliança com o PSDB não precisa ser justificada e é o que mais deu frutos para o partido. O senhor concorda?

Essa é uma discussão que pode não levar a nenhum resultado. Nunca vi ninguém criar um partido e escalar pra ser sempre peça acessória de outro. Quando você monta um partido, os filiados sonham e querem disputar eleições majoritárias. Esse é o sentimento. A eleição que emociona, que promove o embate, a discussão, é a majoritária. O filiado do Democratas também quer que o partido tenha a oportunidade de disputar isso.

Essa tese de linha acessória partidária não faz meu estilo. Não é o meu estilo. Eu prefiro arriscar para que o partido amanhã tenha a oportunidade de chegar ao governo, comandar prefeituras, disputar a presidência da república, do que amanhã ficar no inconsciente popular como um partido que jamais almeja disputar as eleições no país.

A política tem que ser ousada. O Democratas é um partido que tem quadros, lideranças nacionais e no Estado que tem condições de representar muito bem.

Eu sempre defendi e defendo que o partido tem que disputar as grandes eleições. Para mim a partir de janeiro já devemos sair Brasil afora apresentando alguns nomes para fazermos uma campanha já para 2014 para Presidência da República. Já é um projeto que estou defendendo e tenho me empenhado muito nesse sentido. Nunca vi time que não disputa ter torcida e partido que não disputa ter eleitorado.

Considerando a composição do governo Marconi Perillo, o DEM pretende participar como?

É um entendimento administrativo e institucional que tem que ser feito. Cabe ao governador formalizar o que deseja dos partidos que compõem a sua aliança. Os convites, caso existam, serão levados à toda a executiva do partido e todos os eleitos serão convidados para decidir e deliberar sobre isso. Em qualquer circustância, é inaceitável passar o carro na frente dos bois. Temos que cumprir toda uma liturgia e aguardar o posicionamento e o interesse que o governador demonstrar e o que deseja do partido. Sempre saindo do individualismo e indo para o coletivo, assim como foi a decisão na convenção do partido, este ano.

O governador eleito já o convidou para alguma reunião ou negociação?

Não teve nenhuma conversa com o partido até o momento.

Considerando que Demóstenes Torres (senador) foi o candidato mais votado nas eleições em Goiás e aparece como nome até natural para disputar a prefeitura de Goiânia, esse assunto pode ser discutido a partir de agora dentro dos compromissos que o DEM fará na composição do governo Marconi Perillo?

Este assunto para ser levado para ser tratado com governo não faz meu estilo. Eu prefiro, primeiro, convencer o senador Demóstenes e concordo que ele emerge como candidato natural e a partir daí é acertar dentro daquilo que são as regras do processo eleitoral, mas primeiro é preciso o sinal verde dele.