Vários segmentos da economia têm achado fórmulas para driblarem os reflexos da pandemia do novo coronavírus. Um deles é o mercado automobilístico. Nesse segundo semestre, as vendas de carros novos e usados têm ganhado corpo, mesmo em meio à crise. Segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), de setembro para outubro, o crescimento foi de 4,3% para os novos e 6,4% para os seminovos no país.
Para o gerente de vendas de Novos da Navesa, João Armando, são vários os motivos que desencadearam os números positivos, todos atrelados à pandemia. Entre eles estão a opção de trabalho com o veículo, a preocupação com a contaminação em transporte coletivo e a busca por um meio seguro de viagem. “Vendemos muitos carros que vão chegar em dezembro para que os clientes possam viajar. Eles acharam mais seguro não entrar em avião nesse momento”, explicou.
Os emplacamentos em outubro chegaram a 168.464 unidades, superando o número de setembro que teve 161.082 veículos novos. O crescimento significou 4,3%. No segmento de usados, o aumento foi ainda mais significativo. Enquanto o mês passado registrava vendas de 929.740 seminovos, setembro comercializou 869.551 unidades. O percentual de crescimento chegou a 6,4%.
ESTOQUES
Essa alta na demanda acabou refletindo nos estoques. Como as fábricas ficaram paradas por quase três meses, gerando a diminuição do contingente e a redução da produção, a reposição de veículos entrou num processo de lentidão. ”Pra se ter uma ideia, estou vendendo Ford Ranger pra entregar daqui a 60 dias. A gente tem conseguido até antecipar o prazo, mas é melhor surpreender o cliente entregando antes do que gerar uma insatisfação com um possível atraso”, afirmou João.
E não é só o estoque do novo que está baixo. As garagens com os seminovos também estão com um número abaixo do que o de costume. “Está faltando carro usado no mercado. A procura está tão grande que o carro usado praticamente sumiu. Em um mês, a média de venda é de 200 novos e 160 usados. Então, a procura é bem parecida”, explicou o gerente de Novos da Navesa.
AGRONEGÓCIO
A produção de alimentos no campo não parou durante a pandemia. O setor foi responsável por mais da metade das exportações goianas em outubro, segundo a Secretaria de Desenvolvimento e Inovação (Sedi). Dos US$ 548 milhões em valor exportado no mês passado, US$ 158 milhões foram em carnes bovina, aves, suína e outras, US$ 108 dos complexos do milho e US$ 74 milhões de soja.
Essa alta produtividade no campo refletiu nas vendas de picapes em Goiás. “Nós nunca vendemos tanta camionete e tanta picape Ranger como nós vendemos durante a pandemia e agora. Os outros segmentos que prestam serviço para o agronegócio também adquiriram esses veículos. Entre junho e julho, 70% do que a gente estava vendendo era pro segmento do agronegócio. Hoje essa venda está em 50%, dividindo espaço com as vendas dos carros populares que voltaram a melhorar”, comemorou João Armando.
PROTOCOLOS DE SEGURANÇA
João reforçou as medidas de segurança que as lojas vêm adotando para levar segurança ao cliente. “A Ford foi a primeira montadora a instalar a Ford Clean. Nesse sistema, os carros do showroom diminuíram, deixando um espaço maior entre os carros. Os veículos têm uma placa de higienização em três horários. Tem um compartimento com álcool gel no carro e produto espalhado por toda loja. Temos placas de ‘mantenha distanciamento’ e todos os vendedores estão com mesas separadas, além de usarem máscara. O consumidor chega na loja e se sente seguro”, pontou João.