Em um dia movimentado pelos protestos de estudantes em Goiânia, os alunos da Universidade Estadual de Goiás (UEG) também não poderiam ficar de fora. Diante das condições precárias de ensino na instituição, estudantes manifestaram da universidade nesta sexta (15) em frente ao Palácio Pedro Ludovico, na Praça Cívica, no centro da capital.

Os universitários e docentes se concentram na unidade da Esefego (Escola Superior de Educação Física de Goiás), no bairro Vila Nova, e se deslocaram em passeata até a sede do governo estadual. A comunidade acadêmica responsabiliza a falta de investimentos do governo como o principal fator para que a UEG seja considerada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (INEP) como uma das piores universidades públicas de ensino superior do país.

Dentre as reivindicações, segundo o estudante de Educação Física, Daniel Sousa e Silva, estão a implantação do Restaurante Universitário, principalmente devido aos cursos integrais, o passe livre estudantil, a meia passagem para os ônibus intermunicipais e a paridade eleitoral. “O peso do voto do estudante tem o mesmo peso do voto do professor também, nas eleições para coordenador, pra direção, coordenador pedagógico, reitoria”, comentou ele, em entrevista ao repórter da RÁDIO 730, Frederico Jotabê.

Daniel também se queixa da falta de laboratórios, bibliotecas e das condições do ginásio de esportes da faculdade de Educação Física. “Muitos cursos querem ter um laboratório de prática pedagógica. O laboratório de fisiologia do exercício que a gente tem aqui na nossa unidade foi todo feito por conta de uma parceria com a iniciativa privada. Se fosse por conta da iniciativa pública, do governo, ele não existiria hoje. Queremos reformas também nas estruturas. Hoje quando chove no ginásio, cai mais água dentro do ginásio do que fora”, revelou.

Professores

O corpo docente também apresentou suas reivindicações. A principal, segundo o professor de História, José Santana da Silva, é a contração de professores qualificados. “Nós precisamos de mais professores em regime de dedicação exclusiva, ou seja, trabalhando só na UEG, pra realizar ensino, pesquisa e extensão de qualidade”, ressaltou.

“Precisamos de uma política de remuneração desses professores, especialmente mestres e doutores para que eles permaneçam na UEG e não saiam para fazer concursos em outras universidades públicas, que foi o que aconteceu nesses últimos dois anos com a expansão das universidades federais”, declarou.

Santana cobrou do governo investimentos em bibliotecas e laboratórios. De acordo com ele, faltam livros de formação para alguns cursos da universidade. “Temos falta de biblioteca com acervo atualizado, tem curso por aí, para se ter uma ideia, que começa sem ter um livro sequer da área de formação do curso na biblioteca. Isso acabou de acontecer com a unidade de Aparecida de Goiânia”, destacou.

O professor reivindicou a autonomia administrativa da universidade e criticou o governador Marconi Perillo (PSDB) por interferir nas indicações das pro-reitorias e da vice-reitoria da UEG. “O governo mais uma vez, arrogando o direito de nomear, desrespeitou a universidade, que na verdade essas pessoas só podem ser nomeadas e indicadas a partir de dentro da própria universidade”, declarou.