Seis em cada dez alunos do ensino superior no Brasil estudam à noite. Os dados são do Censo da Educação Superior, divulgado nesta segunda-feira (7) pelo Ministério da Educação (MEC). De acordo com a pesquisa, as matrículas nos cursos noturnos cresceram de 56,1% para 63,5% entre 2001 e 2010.
Nas instituições federais, que concentram 14,7% das matrículas, predomina o atendimento diurno, oferecido a mais de 70% dos estudantes. Já as universidades estaduais apresentam um atendimento mais equilibrado com quase 46% dos alunos matriculados no turno da noite. No caso das privadas, os números indicam um aumento na oferta de vagas noturnas que, em 2010, corresponderam a 72,8% dos estudantes matriculados.
O estudante Odilon Roriz Neto, 22, faz parte dessa estatística. Ele está no 2° período de Gestão Ambiental e estuda em uma faculdade particular de Goiânia. De acordo com o acadêmico, estudar à noite foi uma imposição. “Eu trabalhava à tarde e queria estudar de manhã. Mas como não tinha meu curso, tive que mudar de horário no serviço.”
Odilon é BackOffice de uma empresa de telefonia da capital. Ele afirma que trabalhava das 14h às 20h, mas alterou o horário devido ao curso superior. Segundo ele, quando terminar, pretende atuar na área dentro da empresa.
“Trabalho das 07h às 13h. Geralmente é mais difícil encontrar um emprego tarde/noite pra quem faz faculdade de manhã. Vou tentar trabalhar na minha área dentro da empresa atual”, conta.
Perfil
O perfil do aluno do ensino superior no Brasil é jovem. Em 2010, metade dos estudantes tinha menos de 24 anos e a média de idade nos cursos presencias estava em 26 anos. Já nos cursos a distância, metade dos alunos tem até 32 anos e a média de idade é 33 anos. As mulheres continuam sendo maioria nos bancos universitários. No ano passado, 57% dos estudantes do ensino superior eram do sexo feminino.
Natany Pereira de Oliveira, 22, é uma delas. A estudante faz o 2° ano de Geografia, da Universidade Estadual de Goiás em Pires do Rio. Ela afirma que a faculdade não oferece opções de curso no período matutino.
“A UEG [Unidade de Pires do Rio] só oferece cursos à noite. No meu caso, fiz Farmácia em Goiânia, durante um ano. Voltei para Pires do Rio e não quis ficar parada. Comecei a fazer Geografia, mas não quero ser professora, pretendo prestar concursos e fazer Veterinária, quando terminar”, relata.
Segundo Natany, as pessoas optam por estudar no período noturno não só por determinação das faculdades, mas por questões pessoais. “Os estudantes trabalham e também têm outras ocupações”.
Censo
De acordo com os dados preliminares do Censo da Educação Superior, do Ministério da Educação (MEC), o número de estudantes brasileiros matriculados no ensino superior chegou a 6,38 milhões em 2010. A meta do governo, incluída no Plano Nacional de Educação (PNE), é atingir 10 milhões de matrículas até 2020.
Com informações da Agência Brasil