O Barcelona deu uma aula de futebol ao Santos, extensiva aos demais clubes brasileiros, na final do Mundial de clubes da FIFA. Com impressionante capacidade técnica e sistema único de jogo, o time catalão ergueu o troféu após aplicar 4 a 0 no representante paulista. O resultado gerou uma série de questionamentos na mídia tupiniquim sobre a forma de se jogar futebol e a perda por parte do Brasil do posto de país referência neste esporte no mundo.

O repórter da Rádio 730, Vinicius Moura, entrevistou os três treinadores dos clubes goianirenses, a respeito desta nova realidade imposta duramente pelo Barcelona aos profissionais e torcedores do futebol brasileiro.

O técnico do Atlético, Hélio dos Anjos, afirma que para um time chegar ao estágio do Barcelona é necessário uma longa manutenção do elenco. Além disto, é preciso que a equipe tenha jogadores com muita qualidade e movimentação para manter posse de bola acima de 70%.

Para o treinador do Goiás, Enderson Moreira, o Barcelona não é somente uma equipe que mantém a bola no campo de ataque, mas sai muito bem de trás, onde até mesmo o goleiro sai tocando.

O técnico Roberto Cavalo, do Vila Nova, afirma que ficou surpreso com o resultado. “Eu imaginava que o Santos venceria. Mas não foi isto que aconteceu. O Barcelona gira de uma forma impressionante. Precisamos tirar muitas lições,” alerta.

 

Posições condenadas
O volante marcador e o centroavante estão com os dias contados pelos prognósticos dos treinadores dos times goianienses. Para Hélio dos Anjos, usar um jogador fixo na área só é interessante quando tem uma equipe muito bem preparada e que jogue em função deste atleta. De acordo com o treinador, esta é uma questão muito rara. Roberto Cavalo ressalta o poder dos times que tem meio-campistas defensores com capacidade para jogar com a bola nos pés. O treinador cita como exemplo o São Paulo que tinha Mineiro e Josué e foi tricampeão brasileiro entre 2006 e 2008.

Para o técnico do Goiás Enderson Moreira, o futebol mundial caminha para um estágio onde todos os jogadores tenham capacidade de atacar e também de marcar. Roberto Cavalo exemplifica e afirma: “Eu prefiro um time com dez jogadores como o Messi do que como o Dunga,” pontua.

 

Formação dos jogadores
Com poucas exceções, os clubes brasileiros não costumam investir muito nas categorias de base. Para o técnico do Goiás este é um erro. “Os dirigentes vêem o dinheiro empregado na base como gasto e não como investimento,” lamenta. O treinador cita que a exceção é o Internacional. De acordo com Enderson, o clube gaúcho sequer consegue utilizar no time profissional tudo de bom que produz em casa.

O técnico Hélio Anjos alerta para outro fator. O treinador pede modificações na lei do passe, a conhecida lei Pelé. Para ele, os clubes precisam serem protegidos dos maus agentes que aliciam jovens atletas.