O Ministério Público Federal em Goiás e Polícia Federal do Distrito Federal com auxílio do Escritório de Inteligência da Receita Federal em Brasília deflagrou hoje uma operação contra a máfia dos caça-níqueis em Goiás e mais cinco estados.
MPG/GO e PF/DF conseguiram desvelar uma quadrilha com exploradores diretos de pontos clandestinos em Goiânia e Valparaíso de Goiás. Segundo informações do Ministério Público Federal foi constatada a exploração cartelizada a partir de um centro de comando localizado em Goiânia liderado por Carlos Augusto Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira.
Ainda segundo o Ministério Público Federal, Carlinhos Cachoeira determinava o fechamento e abertura de casas de jogos no território do seu domínio. Policiais agiam a serviço do grupo criminoso mediante pagamento de propina.
Os agentes desempenham as funções de fechar casas de jogos abertas no território do grupo criminoso, além do suporte para que a atividade fosse desempenhada normalmente, com a não realização de ações interventivas ou comunicando aos criminosos sobre iminentes trabalhos dos órgãos de persecução no enfrentamento à organização, especialmente para que as casas e máquinas caça-níqueis fossem transferidas de local.
Os procuradores da República Daniel de Resende Salgado, Lea Batista de Oliveira e Marcelo Ribeiro de Oliveira, afirmam que o grupo especializou-se ao longo do tempo com estrutura empresarial voltada para fomentar, manter e estimular a cartelização.
“A sua existência por mais de uma década foi suficiente para montar e organizar uma estrutura estável e entranhada no seio do Estado, com, inclusive, a distribuição centralizada de meios de comunicação para o desenvolvimento das atividades, com o objetivo de inviabilizar a interferência das agências sérias de persecução” revelam os procuradores responsáveis pelo caso.
Envolvidos
Durante toda a investigação, que durou cerca de 15 meses, foram identificados como integrantes do grupo criminoso infiltrados na área de segurança pública: dois Delegados de Polícia Federal de Goiânia, seis Delegados da Polícia Civil de Goiás, três Tenentes-Coronéis, um Capitão, um Major, dois Sargentos, quatro Cabos, 18 soldados da Polícia Militar de Goiás, um Auxiliar Administrativo da Polícia Federal em Brasília, um policial rodoviário federal, um agente da polícia civil de Goiás e um agente da polícia civil de Brasília, um sargento da Polícia Militar de Brasília, um servidor da Polícia Civil de Goiás, um servidor da Justiça Estadual de Valparaíso de Goiás.
Os trabalhos de investigação precisaram ser realizados na sede regional da Capital Federal em razão da enorme quantidade de servidores públicos da área de segurança pública (Policiais Federais, Rodoviários Federais, Civis e Militares) do Estado de Goiás envolvidos com o grupo criminoso organizado.
“O recrutamento do braço armado do Estado pelo crime como instrumento de cobertura e proteção ostensiva ou velada dos estabelecimentos de jogos e da prática delitiva controlada por um poder centralizado e hierarquizado, foi capaz de gerar a desarticulação do Estado no enfrentamento à criminalidade. Tornou, em outras palavras, o Estado e a própria sociedade mais vulnerável.
A Secretaria de Segurança Pública de Goiás informou à Rádio 730 que se posicionará após o balanço da operação na manhã desta quartta-feira (29). Mais informações durante a programação da Rádio.
Do Ministério Público Federal de Goiás