Ministério Público Federal de Goiás, Polícia Federal do Distrito Federal com auxílio do Escritório de Inteligência da Receita Federal em Brasília deflagraram ontem (29/02) a Operação Monte Carlo em cinco estados brasileiros.

Em entrevista à Rádio 730, o Procurador da República Daniel de Resende Salgado, um dos responsáveis pela operação, afirma que o foco inicial eram as práticas ilegais de jogatina. Em um segundo momento, os trabalhos foram estendidos as pessoas que davam suporte ao esquema. Segundo ele, a maior parte dos 82 mandados já foi cumprida pela justiça.

Daniel de Resende explica que a investigação ainda não foi concluída, já que documentos e objetos recolhidos ainda não foram analisados. “Há alguns crimes que precisam passar por uma análise pericial, como por exemplo, as máquinas caça-níqueis, para constatar os ganhos e perdas, que pode caracterizar crime contra a economia popular”, diz o procurador, completando que a investigação pretende encontrar a origem desses equipamentos ilegais.

Carlos Augusto Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira, apontado como provável cabeça do esquema teve a prisão preventiva decretada pela Justiça Federal e não há prazo para que seja liberado. “As que foram presos preventivamente, não há prazo para encerramento dessa prisão”, alega Daniel Resende. Apesar da cautela na revelação dos detalhes da investigação, o procurador diz que nesses casos há indícios suficientes para embasar o pedido.

“Contra o empresário há indícios de vários delitos como: formação de quadrilha, lavagem de capitais, todo tipo de corrupção, crime contra a economia popular, contrabando. Até o final do mês a denúncia será feita ao judiciário”, informa Salgado de Resende.

Resende explica que há elementos robustos de delitos relacionados à corrupção, formação de quadrilha, que já estão convictas na visão no Ministério Público Federal, mas é preciso materializar para oferecer acusação.

Em relação ao envolvimento de empresas no esquema criminoso, os materiais recolhidos serão analisados para saber qual a relação das mesmas com o grupo criminoso, principalmente dentro do âmbito de lavagem de capitais.

Envolvidos

Daniel de Resende Salgado evita citar nomes, segundo o mesmo, será feito um levantamento em segredo de justiça. “O que podemos falar é que realmente houve um número muito grande de pessoas da Secretaria de Segurança Pública do Estado de Goiás, envolvida de uma forma ou de outra com esse grupo criminoso”, afirma.

O procurador esclarece que não houveram pedidos de afastamento dos agentes públicos citados da Operação Monte Carlo. “É importante deixar claro, que houve uma determinação judicial da suspensão imediata das funções desses agentes públicos, sendo 37 agentes públicos só do Estado de Goiás”, ressalta.

“Alguns agentes da Segurança Pública dizendo que pediram afastamento, na realidade isso não ocorreu, ocorreu na realidade uma determinação judicial a partir de uma medida cautelar pessoal de afastamento desses cargos. A medida vale para todos, inclusive para as pessoas que foram apenas conduzidas coercitivamente para esclarecimento. “Para essas pessoas foi determinado o afastamento cautelar dessas funções”, revela Daniel de Resende.

Políticos

“Há contatos com políticos, isso não quer dizer que há envolvimento de políticos. Há contatos com políticos”, diz Resende

Sobre a prisão do ex-presidente da Câmara Municipal de Goiânia, Wladimir Garcêz, Daniel explica havia elementos que levaram o MPF a requerer a prisão do mesmo.

O responsável afirma que não há envolvimento de políticos no esquema. Ele relata que o órgão que pode esclarecer o envolvimento ou não de políticos é o Ministério Público Federal. “Não temos elementos vinculem políticos a organização criminosa”.

Daniel Salgado revela que os depoimentos dos suspeitos deverão ser reavaliados. A investigação tem 15 dias para ser concluída.