O último boletim epidemiológico da dengue, divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde, mostra que uma epidemia da doença avança em todo o estado. Em 35 dias, foram notificados mais de 20 mil casos em Goiás. O número é 377% maior que a parcial do mesmo período do ano passado.
O ex-diretor do Hospital de Doenças Tropicais (HDT) que é referência no tratamento da dengue, Dr. Boaventura Braz de Queiroz afirma que estes altos números poderiam ter sido evitados.
Segundo ele, as autoridades municipais e estaduais sabiam o que fazer, mas foram omissas. “Seria facilmente controlada desde que fizesse um planejamento e executasse. Acho que em todo esse processo de dengue tem muito descaso do ponto de vista de gestão pública”, avalia.
Desde que deixou cargo de gestão no HDT, Boaventura Braz tem atuado apenas como médico na unidade. Ele aponta a falta de campanhas permanentes pelo combate ao mosquito transmissor da dengue e também critica a baixa colaboração popular neste trabalho.
“Outro aspecto é a falta de uma política adequada, colaboração do próprio cidadão. Todos os gestores sabiam que a população como um todo era suscetível a um novo vírus que chegou em 2011. Nada foi feito de forma mais eficiente para bloquear a infestação do mosquito”, relata.
A principal consequência da falta de prevenção é o aumento de casos de dengue, que já é observado neste início de 2013. Boaventura Braz deixa claro que o tratamento dos doentes é também deficiente e, muitas vezes, inadequado.
“Na realidade, o HDT não tem capacidade para internação dos pacientes com dengue. De fato, a população fica desassistida numa situação de epidemia como a atual. A maioria dos pacientes são cuidados em postos de saúde, mas não todo o volume”, afirma.
A reportagem da 730 buscou contato com as Secretarias Estadual e Municipal de Saúde, mas não obteve resposta.