A cidade assiste ao triunfo da pilantragem e o fato é que se fortalece o império das licitações suspeitas. Foram retomadas as obras no Parque Mutirama, depois de renderem escândalos e estrelarem o caso Cachoeira. A novidade é boa, mas traz embutida uma notícia preocupante. A prefeitura de Goiânia informa que vai terminar o serviço com mão-de-obra e maquinário próprios. Com isso, a economia será de 10 milhões de reais. Numa obra de 25 milhões, a empreiteira ia levar dos cofres públicos o dinheiro de erguer cem creches, 19 a mais do que o prefeito prometeu na campanha.
 
A construção do túnel para ligar o Mutirama ao bosque, na Avenida Araguaia, já interrompeu o tráfego na região durante meses e vai provocar ainda muita confusão no trânsito. No entanto, esse é o menor dos males. O maior é a corrupção. A obra no parque já provocou apuração da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, além de discussão nas Câmaras Municipal e Federal. O Mutirama, que era famoso apenas por aqui, ganhou notoriedade nacional. E deve se tornar um exemplo de como evitar fazer no serviço público.
 
O secretário de Obras, Luciano de Castro, acerta ao apostar no pessoal da prefeitura para fazer o túnel. Com isso, economiza e dá uma lição. Se não tivesse havido investigação após o escândalo, 10 milhões de reais estariam jogados nos cofres de bandidos. A lição é investigar as demais obras. Se em apenas um túnel foram economizados 40%, é provável que o índice se repita por toda a Capital. O Mutirama mostra que o que esses empreiteiros roubam não é brincadeira.