A cidade se rende aos entulhos e o fato pode ser comprovado em qualquer rua, lote baldio ou praça. Infelizmente, Goiânia evita copiar exemplo que dá certo aqui na vizinhança. O prefeito Paulo Garcia roda o mundo e justifica as excursões internacionais alegando estar atrás de modelo de gestão. Mas poderia apenas atravessar a Avenida Rio Verde e observar as ações de Maguito Vilela em Aparecida.
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Maguito teve a coragem de enfrentar a poluição sonora e obteve aplausos nacionais. Agora, Maguito combate os entulhos, inclusive os deixados em obras por empreiteiras e lojas. Falta esse pulso firme em Goiânia. E não é de hoje. Há muito tempo a administração permite o comércio de contêineres de entulhos em qualquer lugar. As imensas carroças metálicas pioram o trânsito, pois estreitam as vias e provocam acidentes. Emporcalham a cidade há tantos anos porque dão lucro a cabos eleitorais de vereadores, secretários e prefeitos.
O pior dos entulhos não está nos contêineres, mas onde seu conteúdo é despejado. Em geral, as sobras de construção acabam em nascentes, margens de córregos e áreas de pântano. A cidade que se propaga sustentável não faz o óbvio, ou seja, não recicla. Praticamente todo entulho pode ser reaproveitado. Em vez de transformá-lo em novos materiais, as empresas se valem da ausência de fiscalização e poluem o meio ambiente.
As obras de engenharia civil estão em alta. Há canteiros nos quatro cantos de qualquer cidade. Neles, o resíduo sólido é digno de estudo, já que prejudica a produtividade, e indigno da destinação, pois atenta contra a ecologia. O tijolo percorre uma via-crúcis de agressões à natureza, da retirada do barro para a cerâmica até o contêiner lotado de desperdício.
Parece haver um imaginário e gigantesco muro da vergonha entre Goiânia e Aparecida. Bem que o prefeito da Capital poderia escalar a parede da inveja e espiar os bons frutos do trabalho de seu colega Maguito. Os poluidores perderiam regalias, mas Goiânia só tem a ganhar com isso.