O Vila Nova escreveu neste domingo mais um capítulo de superação diante dos próprios obstáculos criados ao vencer o Rio Verde, por 3 a 0, no estádio Serra Dourada, espantando de vez o fantasma do rebaixamento. Um dia que os “santos de casa” romperam os prognósticos e fizeram milagre.

Um resultado em campo para se orgulhar por ter encontrado algumas soluções dentro de si – em lugares até então desacreditados ou até mesmo desmerecidos por esta diretoria. Um resultado para se envergonhar por completar oito anos sem títulos do Goianão, assistindo do sofá de casa, ano após ano, os rivais disputarem a condição de melhor equipe do estado e o Vila sucumbir diante de uma administração falida, esfacelada, prestes a ser implodida pela própria vaidade e limitação de convergir em prol do mesmo sentimento que é o crescimento.

Destaco aqui, antes de mais nada, o comportamento do torcedor de verdade. Soube apoiar os jogadores dentro de campo. Após o pênalti perdido por Elcimar tirou forças de não sei onde para ainda continuar acreditando no time. Com o fim do jogo soube valorizar cada um dos atletas da casa e aqueles também que honraram a si próprio e ao clube – caso de Neto Gaúcho, Alexandre Carioca, Osmar, Diego Barboza, Marco Aurélio e outros que não foram relacionados, porém, estiveram presentes.

Nas aulas durante o curso de jornalismo, o grande vilanovense e professor, Lisandro Nogueira, sempre dizia, com um sorriso no canto da boca, que “o amor e o ódio são sentimentos que caminham lado a lado”. E como isso faz sentido ao Vila Nova Futebol Clube. Ontem li uma frase dele em seu perfil em uma rede social que fiz questão de transcrever:

Mais uma vez o time trágico, e por isso mesmo muito amado – o amor sempre foi trágico, irracional -, entrou em campo contra seu próprio desespero. Vila Nova ganhou! E sua elegante, brava e forte torcida demonstrou, mais uma vez, que Vila é dor e alegria – só nós sabemos desse amor trágico, sem explicação.”

Parabéns ao Hermógenes Neto que aliando dedicação, trabalho e “psicologia” conseguiu transformar um time totalmente desacreditado, frágil diante das adversidades, em uma equipe resistente, competitiva e emocional diante da história do Vila Nova. Durante a semana, ele destacou que usava o treino para observar alternativas. Testou pelo menos umas 4. Curiosamente as utilizou durante os 90 minutos. Se emocionou, vibrou e conquistou. Sinceramente, a diretoria poderia dar uma chance a ele.

Os colorados vivenciarão duas paradas nesta temporada: a primeira de 45 dias até o início da Série C, a segunda, em junho, durante a disputa da Copa das Confederações. Por quê não dar uma chance a ele nas duas primeiras rodadas? Caso não tenha sucesso diante de Barueri, em casa, e Duque de Caxias, fora, um novo treinador ainda terá 30 dias para se preparar para a rodada seguinte. Apostar no Neto seria melhor que apostar em nomes poucos conhecidos como os tantos que passaram pelo clube nas últimas temporadas.

1ª VEZ 1 – O goleiro Toni, o volante Arthur, o meia Hugo e o atacante Gustavo atuaram pela primeira vez no gramado do estádio Serra Dourada. Lembrança assegurada para uma carreira promissora.

1ª VEZ 2 – Neste ano que o Vila Nova não sofreu gols jogando no estádio Serra Dourada. Mesmo tendo sido pouco exigido, o goleiro Toni passou segurança e atenção todas as vezes que foi preciso sair de baixo das traves.

1ª VEZ 3 – O Vila conquistou a primeira vitória jogando no palco maior do futebol goiano em 2013. Embora tenha as mesmas dimensões do OBA, jogadores após a partida ressaltaram o desejo de mandar os jogos da Série C, o fim do estigma e como a grandiosidade do Serra favorece a intimidação aos adversários.

NA MEDIDA – A torcida do Vila Nova foi um show a parte. Vibrou, sofreu e cantou o jogo inteiro. Após o jogo, enalteceu o time e não esqueceu dos reais culpados. O coro foi direcionado a Marcos Martinez, Geso Oliveira e Paulo Miguel Diniz para que saiam do clube.

RESPOSTA? – Ainda no gramado, entre sorrisos e lágrimas, os jogadores comemoravam a vitória conquistada diante do Rio Verde. Os jogadores foram para a torcida e com eles comemoraram. Alguns membros da diretoria e conselheiros desceram para o gramado e estiveram transparentes diante dos microfones, comissão técnica e jogadores.

NA CAL – Os árbitros assinalaram seis pênaltis neste Goianão ao Vila Nova – 4 convertidos e 2 defendidos por Márcio (Atlético) e Elisson (Rio Verde). Elcimar e Henrique Dias desperdiçaram as cobranças.

PREOCUPADO – Elcimar foi o artilheiro do Vila Nova com sete gols anotados neste campeonato. O jogador tem contrato encerrando agora em maio e não escondeu a preocupação com seu futuro após a atuação de ontem. Gols perdidos, pouca produção e pênalti perdido, não foi uma imagem boa, mas fez um bom Goianão 2013.

PROMESSA –  Uma semana para ganhar a confiança do grupo, depois de quitar a folha do mês de março na semana passada com funcionários, o presidente Marcos Martinez prometeu o pagamento do mês de abril de todos até sexta. A premiação pela vitória de ontem será depositada aos jogadores nesta terça-feira.

FÔLEGO TOTAL – O trabalho dos preparadores físicos Alexandre Irineu e Fred Carlos está sendo extramemente elogiado por todos no estádio Onésio Brasileiro Alvarenga. Reconhecidamente, o time evoluiu neste aspecto desde a saída do técnico Darío Pereyra. Mais um santo de casa que fez milagre.

FELICIDADE TRIPLA – O ex-atacante Roni teve três alegrias em um só jogo. 1 – viu o Vila escapar de um vexame histórico, 2 – Arthur foi o melhor jogador em campo e 3 – Gustavo foi fator determinante para a vitória. As duas promessas passaram a ser assessorados pelo ex-jogador.