Dizendo-se preocupado com os caminhos da oposição em Goiás, após as recentes mudanças de partido de alguns de seus líderes, o presidente do PSB Metropolitano, Barbosa Neto, afirma que o momento é de cautela até que se definam as alianças e, só então, será possível retomar as discussões para a oposição unificar um projeto de candidatura ao governo do Estado.

O PSB construiu durante os últimos dois anos o projeto de fortalecimento do partido e de candidatura própria ao governo, tendo o empresário José Batista Júnior, o Júnior do Friboi, como cabeça de chapa. Depois de articulação da direção nacional do PMDB, liderada pelo vice-presidente da República e presidente nacional do partido, Michel Temer, Friboi pediu desligamento do PSB para se filiar ao PMDB. A medida busca esvaziar o PSB em Goiás, caso o presidente nacional e governador do Pernambuco, Eduardo Campos (PSB-PE), seja candidato à Presidência.

Com a saída de Friboi, Eduardo Campos teve de construir um novo projeto para o Estado. O partido fez então convite ao ex-prefeito de Senador Canedo e candidato derrotado ao governo do Estado em 2010, Vanderlan Cardoso (sem partido), que estava praticamente certo para comandar o PSC. No último dia 24 ele anunciou filiação ao PSB e se coloca como pré-candidato ao governo estadual, integrando a terceira via, possivelmente apoiada pelo DEM e o PRP.

Em entrevista à Rede Clube de Comunicação, Barbosa Neto, condenou a forma com que Vanderlan e Friboi se desligaram de um partido e se filiaram a outro. Ele caracteriza a forma como “abrupta” e diz que as filiações foram prematuras e teriam que ter sido discutidas mais e melhor. Barbosa também afirmou que será candidato a deputado estadual em 2014. “Vanderlan construiu isso, exclusivamente ele e Eduardo Campos, com apoio de Ronaldo Caiado e Braga (Jorcelino Braga, presidente do PRP). E a base do PSB não participou, nenhum prefeito foi ouvido, nenhum vice-prefeito, nenhum presidente de Executiva Municipal, nenhum membro da Executiva. Então isso não é positivo, não tem como elogiar esse tipo de procedimento”, afirmou.

A filiação de Vanderlan foi acertada diretamente com Eduardo Campos, em uma visita que o empresário fez a Recife, onde ele desenvolve um novo projeto empresarial. “Por isso que eu digo, nenhum diretório municipal, nenhum membro da executiva, nenhum prefeito, nenhum vice-prefeito foi ouvido nessa questão”, reclamou Barbosa.

De acordo com Barbosa Neto, se a Executiva Metropolitana tivesse sido consultada pela nacional a sugestão seria para que Friboi se mantivesse no PSB. “Esses foram os meus argumentos ao senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) e ao próprio Júnior Friboi, de que nós pudéssemos construir um projeto com ele dirigindo os destinos do PSB em Goiás”.

Porém, o pesbista ressalta que muitas mudanças podem acontecer no cenário até as eleições de 2014, e que é preciso esperar as convenções de junho do próximo ano. “Existem vinculações, o Braga tem uma ligação muito forte com o Rubens Otoni e com o prefeito de Anápolis (Antônio Gomide, do PT). O Vanderlan tem uma amizade com o Júnior, então não podemos achar que essas medidas são definitivas. Há um mês ninguém imaginava a saída do Júnior e a filiação do Vanderlan no PSB. Então vamos ter cautela para que essas falas prematuras não beneficiem o governador do Estado, que está assistindo de camarote a divisão das oposições mais uma vez”, ponderou.

Projeto
Barbosa ressalta que a população está atenta às movimentações e que mudanças apenas por projetos pessoais só beneficiarão a reeleição do governador Marconi Perillo (PSDB). “Qual o projeto do Júnior, qual o projeto do Vanderlan? É isso que a sociedade vai cobrar. O projeto é de poder? O projeto é pessoal? Bom, se for pessoal não há mudança. Porque pessoal por pessoal vai ficar do jeito que está. Então nós temos que ter cautela, prudência. Segundo ele, a união da oposição só será possível caso o objetivo de todas as frentes não sejam projetos pessoais e sim de alternância de poder.