A Seleção Brasileira não é respeitada dentro do seu próprio país. Essa foi apenas uma das declarações do técnico Luiz Felipe Scolari em sua entrevista coletiva nesta sexta-feira, antes do treino de reconhecimento do gramado do Estádio Nacional, palco da abertura da Copa das Confederações neste sábado, com a partida entre Brasil e Japão, às 16h, em Brasília.
Felipão entende que a camisa amarela da Seleção, hoje, é mais respeitada fora d país, por outras seleções, do que pelo seu próprio povo. Mas o treinador quer mudar isso. Ele fez questão de ressaltar a importância que a torcida terá na estreia contra os japoneses, demonstrou que o apoio pode fazer o adversário se sentir pressionado, mas reconheceu que o outro lado da moeda pode atrapalhar.
“Eu não sei temos que jogar de forma diferente, mas sei que a gente tem que fazer o torcedor jogar a nosso favor. Quando jogamos em casa, temos que fazer eles estar com a gente para que o adversário sinta isso realmente, mas para isso, a gente precisa jogar bem, passar isso para eles na arquibancada. A vantagem de quem joga em casa é essa, tem que saber usar, fazendo com que todos participem a todos os momentos. Se tivermos alguns contratempos, não conseguimos render, aí jogar em casa não é vantagem”
Felipão, por vezes, citou a palavra “paciência”, na maioria delas para explicar que o time está em processo de se encontrar, uma espécie de criação da identidade. O comandante brasileiro comparou o que mudou de algumas seleções de 2010 para cá, que no grupo brasileiro foi totalmente reformulado, enquanto a Espanha mantém a mesma base, por exemplo. Scolari destacou o que todos se questionam: porque alguns atletas não jogam o mesmo que em seus clubes?
“Eu recebi um jogador do Corinthians, um da Lazio, da Roma, do São Paulo, e os demais. Eu ouvi gente dizendo que eles tem que jogar igual nos seus clubes. Eu vou jogar com 11 esquemas diferentes? Gente, pensem um pouquinho, eu vou jogar com um esquema, a gente está tentando montar uma formação e a gente tem que dar liberdade para que cada um deles, dentro das características, se adapte e nos ajude a sair melhor”
“Questão Neymar”
O assunto que parecia deixar o treinador um pouco mais alterado era quando o nome de Neymar era citado nas perguntas. Felipão fez questão de expor que Neymar, com a camisa da Seleção, é mais um no grupo formado e não tem mais obrigação que os demais atletas. Mais do que isso: destacou que o jogador, jovem ainda, precisa sim ser protegido e valorizado pelo que representa.
“Ele tem a mesma do Fred, do Julio César, do Luiz Gustavo, do Paulinho, enfim, é igual os outros. Ele não vai jogar com 11 camisas no corpo, ele joga com apenas uma. Não tenho nada a cobrar do Neymar nesses jogos que ele não tem feito gol pelo Brasil, porque ele tem feito o que é solicitado, com muita boa vontade, está sendo um jogador da equipe. O Neymar não tem que fazer gol, ele tem que ser mais um jogador útil para a Seleção, e isso ele está sendo. Não posso falar para ele ir lá e fazer igual no Santos, driblar 20 de uma vez, enfim, ele tem que ser um jogador da equipe, de grupo”, disse o treinador, que continuou falando sobre o camisa 10.
“Eu acho que tem que proteger sim, ele é um ídolo não só meu, mas de todo o Brasil. Parece que a finalidade não é proteger, é execrar, se ele pintou o cabelo de vermelho, mudou o estilo. Se nós temos um ídolo, que leva 50 mil pessoas em uma apresentação de seu clube, eu acho que nós devemos valorizar. Ele é um jogador de 21 anos, que faz parte de uma equipe, de uma Seleção, e sozinho ele não vai ganhar”