Na tarde da última sexta-feira, 11, o programa Tom Maior recebeu três importantes nomes da cultura hip hop goiana: Guimas, Iara Kevene e Neguim da Zo. Eles participam do Festival Misturaí, evento que propõe uma celebração da diversidade cultural e musical em Goiânia, reunindo gêneros como samba, funk e, claro, o hip hop.
“O festival faz jus ao nome. É pra misturar tudo mesmo e fazer as pessoas se sentirem pertencentes àquilo”, explicou Iara Kevin, DJ e uma das representantes do movimento no evento. Para ela, o hip hop no Jardim Cerrado – bairro onde cresceu – tem um significado especial. “Me sinto muito em casa. E mais ainda por ser uma mulher representando isso no meio de tanta gente”, afirmou.
O rapper Guimas, conhecido pelas batalhas de rima que já venceu desde 2015, falou da origem de sua relação com o hip hop e sua cultura. “Todo mundo começa no hip hop meio sem querer mas querendo. Porque é o que chega mais perto da nossa mão na rua. É o que ajuda a gente a desviar de certas coisas”, relatou.
Inspiração
De acordo com ele, o festival representa uma chance de mostrar que a arte da periferia merece os grandes palcos. “Eu sempre carrego a quebrada onde eu vou. E o Misturaí é muito importante porque acontece na quebrada, onde tudo começa.”
Neguim, que também atua como mestre de cerimônia em batalhas de rima, contou como se envolveu com o movimento aos 13 anos, inspirado por amigos que rimavam no recreio da escola. “Eu travava no meio da roda, falava nada com nada, todo mundo ria. Mas fui estudando, aprimorando e entendendo o rolê”, lembrou.
Hoje, com experiência em apresentar eventos estaduais, ele defende que a visibilidade é essencial: “O que eles mais querem é a gente morto. Então é importante mostrar que o rap goiano está vivo.”
Representatividade
A representatividade da mulher negra no hip hop foi outro tema forte da conversa. “É preciso tirar a marginalização que colocam em cima do hip hop. E mostrar que a mulher preta também sabe falar, se impor, usar a moda e o som como ferramenta de luta”, pontuou Iara.
Ela reforçou ainda o impacto do seu trabalho para outras meninas: “No Misturaí, talvez alguém veja e pense: ‘eu também posso ser DJ, eu também posso rimar’.” Além da presença no festival, Iara também organiza o Baile Black, festa que nasceu sem grandes pretensões, mas virou espaço essencial de liberdade para a comunidade preta de Goiânia.
“É um lugar de se sentir em casa, dançar, paquerar, tomar uma cerveja em paz. E a gente cuida com muito carinho.” Guimas refletiu sobre o que significa estar no centro da cultura que o formou. “É cansativo às vezes, a gente não tem investimento, tudo é do nosso bolso. Mas quando eu estou numa batalha, num show, com meus amigos, é onde eu me sinto em casa. E eu continuo acreditando.”
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 04 – Educação de Qualidade
Leia também: