Junior Kamenach
Junior Kamenach
Jornalista, repórter do Sagres Online e apaixonado por futebol e esportes americanos - NFL, MLB e NBA

Cinema negro ganha protagonismo em Goiás com documentários dirigidos por mulheres pretas

O programa Tom Maior do Sistema Sagres de segunda-feira, 14, abriu espaço para um importante debate sobre representatividade no audiovisual brasileiro, destacando dois documentários que serão lançados no evento Sertão Negro, em Goiânia: Manifesto Afro-cultivo e Ancestrais do Futuro.

Sendo assim, as produções são dirigidas por duas mulheres pretas, Suellem Horácio e Daya Gomes, que falaram sobre suas trajetórias, desafios e o significado de ocupar espaços historicamente negados à população negra no cinema.

Durante a entrevista, Daya compartilhou o início de sua jornada no audiovisual: “Eu tenho uma trajetória com o projeto Pelas Beiras, onde documentei memórias de personalidades negras na dança. Agora, com Ancestrais do Futuro, faço minha estreia como diretora e roteirista. É um caminho ainda curto, mas com muita pesquisa e aprendizado.”

Além disso, Suellem também faz sua estreia como diretora com o filme Manifesto Afro-cultivo. Ela destacou a importância de lançar as produções no Sertão Negro: “No dia 24 lançamos o Manifesto Afro-cultivo, e no dia 26, Ancestrais do Futuro. É uma alegria ver esses filmes sendo exibidos em um espaço pensado para artistas negros.”

Critério essencial

Ambos os filmes contam com equipes majoritariamente negras, o que, segundo Suellem, é um critério essencial: “A gente faz questão de mapear e contratar profissionais negros. Isso faz diferença no resultado final, pois são pessoas que têm sensibilidade e letramento racial, o que contribui ativamente para o projeto.”

A temática racial está no centro das duas produções. Manifesto Afro-cultivo parte da vivência de Suellem. “Trabalho com tranças há 10 anos, e o filme dialoga com isso. Exploramos os símbolos adinkras, como Sankofa, e refletimos sobre condutas de vida e ancestralidade. É uma linguagem estética, mas também espiritual e política.”

Ancestrais do Futuro, de Daya, nasce da sala de aula. Professora de dança há 18 anos na rede pública, ela conta que sentia falta de referências negras para apresentar a seus alunos.

“Meu filme nasce de uma escuta atenta das histórias de mulheres negras que dançam. Viajei para gravar com artistas de diferentes regiões do Brasil, porque acredito na força da oralidade e na importância de documentar essas trajetórias que, muitas vezes, não estão escritas.”

Espaços de resistência

Questionadas sobre a importância de eventos com recorte racial e de gênero, ambas foram unânimes ao afirmar que são espaços de resistência e transformação. “Quando você traz mulheres negras para dirigir e roteirizar, está dizendo o que é importante para a gente: falar de pertencimento, de cabelos, de dança, de memória”, enfatizou Suellem.

Daya reforçou a necessidade de ampliar o acesso ao mercado de trabalho: “Ainda é um espaço limitado. Queremos mais profissionais negros na técnica, na edição, na comunicação. É preciso circular esse dinheiro entre nós, para que nossas ideias e sonhos sejam materializados por mãos que conhecem nossas histórias.”

Os documentários Manifesto Afro-cultivo e Ancestrais do Futuro passarão nos dias 24 e 26 de abril no Sertão Negro, e também nos dias 28 e 29 no Cine Cultura, em Goiânia.

“Documentar é um ato político. É garantir que nossas histórias não sejam esquecidas, que nossas vozes sejam ouvidas”, concluiu Daya.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 04 – Educação de Qualidade

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