Junior Kamenach
Junior Kamenach
Jornalista, repórter do Sagres Online e apaixonado por futebol e esportes americanos - NFL, MLB e NBA

Falta de tempo é o principal obstáculo à leitura no Brasil, aponta pesquisa

Uma nova pesquisa da Câmara Brasileira do Livro (CBL) concluiu que a principal barreira à leitura no Brasil não é o preço, mas sim a falta de tempo. De acordo com o levantamento, 31,8% dos entrevistados disseram que não leem por falta de tempo, enquanto 16,7% atribuíram o afastamento dos livros ao alto custo das obras.

O tema foi discutido no programa Tom Maior do Sistema Sagres, com a participação da especialista em literatura infantil e juvenil Laura Vecchioli, que destacou os múltiplos fatores por trás do desinteresse crescente dos brasileiros pelos livros.

“Foi uma surpresa e não foi”, afirmou Laura. “A falta de tempo não surpreende ninguém nos dias de hoje, mas o fato de o preço do livro não ter sido o principal motivo, como era apontado antes, é um dado que chama atenção.”

Segundo ela, embora o tempo escasso esteja ligado ao uso excessivo das redes sociais, há também uma sobrecarga diária que pesa principalmente sobre as mulheres. “No meu campo da literatura infantil juvenil, as pesquisas mostram que as principais responsáveis por incentivar a leitura nas crianças são as mães. E elas acumulam muitas funções: trabalham fora, cuidam da casa e ainda precisam promover esse contato com os livros.”

A pesquisa também levanta reflexões importantes para a formulação de políticas públicas de incentivo à leitura. Para Laura, os dados funcionam como um termômetro social. “Essas pesquisas ajudam a mapear e entender como priorizamos o nosso tempo. Elas servem tanto para quem desenvolve políticas públicas quanto para cada um de nós repensar a nossa rotina.”

Ao ser questionada se a literatura no Brasil ainda é elitista, a convidada foi direta: “Sim, ainda é. Apesar de termos políticas públicas, bibliotecas e programas de incentivo, o acesso ao livro ainda é limitado para muitas pessoas. A cultura da leitura ainda é, em muitos aspectos, elitizada.”

Apesar das dificuldades, Laura defende que o hábito pode ser cultivado com metas realistas. “Não adianta prometer que vai ler uma hora por dia se a sua rotina não permite. Começar com cinco ou dez minutos por dia ou por semana já é um bom começo. Quando o hábito começa a ser cumprido, ele pode crescer naturalmente.”

Ela também ressaltou que a leitura não precisa ser encarada apenas como uma obrigação ou ferramenta funcional. “Podemos ler por prazer, por descanso, para relaxar. Nesse mundo hiperconectado, a leitura pode ser um refúgio, um tempo de paz. E isso também é saúde.”

Para ampliar o acesso à literatura, Laura sugere algumas alternativas: clubes de leitura, sebos, livros digitais com preços mais acessíveis e feiras literárias. “Ficar atento a essas oportunidades é uma forma de driblar as barreiras e criar um caminho mais democrático para a leitura.”

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 04 – Educação de Qualidade

Leia também:

Mais Lidas:

Sagres Online
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.