A cidade ainda comemora a volta de seu povo às ruas e o fato não está encerrado. A análise das primeiras manifestações chega a ser repetitiva quanto à falta de bandeiras e alvo definidos. Já se disse que ser contra todos é ser contra ninguém, pois os verdadeiros algozes não se sentem atingidos enquanto seus nomes não forem xingados em praça pública.
{mp3}stories/audio/2013/Junho/A_CIDADE_E_O_FATO-24_06_2013{/mp3}
É a hora da passeata nos bairros com a citação ao problema local e ao vilão específico. O mesmo vale para os municípios do interior, já que as manifestações estão se espalhando. No festival de música de Matrinchã, a 270 quilômetros de Goiânia, alguns concorrentes e parte do público coloriram o fim de semana integrando o time dos caras-pintadas. Mesmo onde não houve manifestações de ruas, o assunto é o mesmo, o basta da população às autoridades. Só que as autoridades têm nome. E o nome delas é que deve constar dos cartazes, das faixas, dos gritos. Não adianta bradar contra a classe política inteira, porque esses bandidos têm couro grosso, é inútil alfinetá-los, é preciso acertar no coração do problema.
Os inimigos do povo devem aparecer explícitos. Desde o chefe do postinho aos secretários e ao ministro da Saúde. Não adianta apenas pedir medicamento, é imprescindível citar o nome do administrador que o está negando. É vital nominar quem o ativista supõe ser o responsável pelo caos no transporte coletivo, na Segurança Pública, nos IMLs, nas rodovias, nas escolas caindo aos pedaços. Pesquisar no Google a grafia correta do nome do safado que é para ele não se safar apenas porque uma letra mudou-lhe o batismo.
A Quinta-Feira do Não foi muito eficiente. Faltam os demais dias do sim. Sim à execração dos bandidos de gravata. Sim à punição aos malfeitores do dinheiro público. Sim ao expurgo de culpados, estejam eles no Executivo, no Legislativo, no Judiciário ou entre os empresários.
As manifestações devem continuar, nas ruas e nas redes sociais. Agora, com foco ajustado e mirando certeiro no autor dos erros, seja ele o agiota que fez você ficar endividado, o governante que acoita os fraudadores de licitação ou os concessionários que prestam péssimo serviço público. Dar nome aos bois é tão importante quanto denunciar que lhe roubaram o bife.