A cidade assiste à destruição de sua história e o fato é encarado de forma passiva. Nas manifestações, faltaram cartaz e faixa defendendo a história de Goiânia. Por isso, nesta quinta-feira, mais um prédio histórico foi demolido e a multidão não se sensibilizou. Apareceram duas dúzias de gatos pingados pedindo ganhos para servidores, outros ratos malhados votando favoráveis ao Código Florestal e nenhum espécime de nenhuma espécie nas mídias sociais convocando para impedir a destruição da casa da família Sabino, no Centro da Capital.
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Ao menos três filhos saíram daquela casa para entrar na história de Goiânia: Homero, Tereza e Daura Sabino de Freitas. Atuante na moda, na imprensa, no Judiciário, nos meios sociais, no esporte, a família Sabino sempre foi reconhecida pela honestidade, o esforço e a criatividade. Mas não tiveram a menor consideração. Não se tratava de privilegiar uma família, mas o patrimônio da cidade, que ainda não completou 80 anos e não conserva sequer 1% de suas edificações originais.
Se o Coliseu fosse em Goiânia, não em Roma, já teria sido demolido para alguma empreiteira fazer apartamentos.
Se o Central Park fosse em Goiânia, não em Nova York, já estaria totalmente desfigurado e sem água, porque uma construtora pegaria a metade da própria área e as outras fariam prédios em suas nascentes.
Se a Torre Eiffel fosse em Goiânia, não em Paris, um ferro-velho já a teria comprado como sucata. Goiânia não dá conta de cuidar nem da maria-fumaça da Praça do Trabalhador.
A Assembleia, funcionando como quarto de despejo do Executivo, aprovou a venda de áreas públicas. Será adquirida por empreiteiras amigas (do alheio) até o que deveria ser o Parque da Criança, ao lado do Estádio Serra Dourada. Ou seja, em Goiás os políticos estão se lixando para o passado e com o futuro.
Para que criança brincar em parque se o governador quer agradar aos empreiteiros?
Para que preservar a casa da família Sabino se o prefeito acha que demolir impede o uso de drogas?
E depois essa gente ainda não quer o povo na praça xingando as pragas com cargos obtidos nas urnas, nos concursos públicos e no compadrio.