O desejo era um só: ser um grande dirigente do Goiás, assim como seu pai se tornou o maior da história. Só que as desilusões, perseguições e tristezas adquiridas ao longo do tempo reduziram a pó esse sonho. Hoje, Paulo Rogério Pinheiro, conselheiro e filho de Hailé Pinheiro, revela que perdeu o “tesão” pelo clube e que se tornou um torcedor comum. Entretanto, longe do Goiás é algo ainda distante na vida do conselheiro.
Em entrevista especial conduzida pelo repórter André Rodrigues, da RÁDIO 730, Paulo Rogério falou, em pouco mais de meia hora, sobre diversos assuntos, como as desilusões no clube, a força da família Pinheiro e até mesmo a vontade de se afastar do Goiás de vez. Entretanto, se mostrou por dentro e trabalhando em prol de dois projetos ousados: o construção da sonhada Arena, na Serrinha, e a volta do Nação Esmeraldina, criação dele que foi praticamente desprezada no clube.
“Eu criei em 2007, até 2008 foi um sucesso, fizemos algumas obras em Goiás e se não fosse uma ação trabalhista, teria conseguido outro Spazio (Verde, na Serrinha) lá no CT e tudo mais. Infelizmente, nenhum presidente de 2007 pra cá deu valor à isso, inclusive meu pai, que não deu nenhum valor também. Se for um produto do Goiás e o marketing levar a sério, o presidente e a diretoria levarem a sério, só perde em faturamento para a televisão, porque ganha da bilheteria”
“São as anuâncias da cultura de cada estados, porque no Sul pegou rápido, eles não compram nem camisa falsificada, eles mesmo põe fogo porque é pirata. É uma cultura e não tem isso em Goiás, mas melhorou muito. O nosso torcedor, seja de Goiás, Vila, Atlético, Goiânia, qualquer que seja, é muito passional ainda: o clube tá ganhando, ele paga, mas o clube perde, ele para de pagar”
“O torcedor tem que entender que precisa comprar. Não adianta colocar o nação a um valor e chega o presidente e abaixa o valor do ingresso para R$5 ou R$2, isso arrebenta com o sócio-torcedor. O ingresso tem que ser caro, barato tem que ser o torcedor oficial para incentivar a comprar o Nação. Se ele brigou no estádio, nós temos CPF, RG, foto, pai, mãe, endereço, temos tudo, e esse não entra no estádio mais, te garanto. Se o Dr. Sérgio (Rassi) quer isso, fico muito feliz em poder ajudar”
Críticas ao Serra Dourada
“Como que eu vou fazer o Nação Esmeraldina se eu não sei onde o Goiás vai jogar? Como que eu faço um contrato com o torcedor e amanhã o Goiás vai jogar em Anápolis e eu não dou nenhum conforto para ele? Isso vira uma ação jurídica contra o Goiás. Eu tive na semana passada com o André Pitta, que é um amigo pessoal, e eu perguntei sobre o Serra Dourada. Ele falou: ‘amigo, eu não sei, não sei o que eu faço do jogo Goiás x Vila, Goiás x Atlético, Atlético x Vila”
“Pra mim, se eles quisessem reformar o Serra Dourada, teria que ter fechado um dia depois do último jogo. Agora, ficar com esse imbróglio, fazendo tudo as pressas? Me desculpem, mas isso está errado, vai prejudicar o futebol goiano, vai prejudicar Vila, Goiás e Atlético”
Próximo presidente?
“Nenhuma chance mais, é uma coisa fora de cogitação pra mim. Hoje eu sou feliz de ir para o estádio, sentar na cadeira com meus primos e meus amigos, tomo minha cerveja, como meu amendoim e vou embora. É isso que eu quero, jamais vou deixar de torcer por esse clube que eu amo, mas aquele tesão de ser presidente, diretor, aquele ideal de vida que eu tinha, eu perdi, eu passei pro meu pai”
Sonho da Arena
“O projeto já está pronto a algum tempo, três ou quatro anos. Nós tínhamos acordo com uma empresa e ela não conseguiu trazer as garantias necessárias para o projeto, aí foi abortado, mas está tudo pronto nas planilhas. Alguns grupos grandes do Brasil e do exterior já tiraram esse projeto com a gente e ficaram de nos dar a resposta. Se for um grupo ruim, ele quebra e quebra o clube junto, então é preciso uma garantia jurídica muito grande. É o meu sonho, sempre batalhei por isso, quem sabe em 2014 chegue um grupo que nos dê garantias”
“Dois anos, apenas. Hoje é tudo feito em pré-moldados, de ferro ou concreto, é muito rápido. Enquanto estão sendo construídos os alicerces, as arquibancadas são feitas fora e depois você vai montando os blocos. A prova são as arenas, que são muito maiores, para 50 mil pessoas, estão sendo feitas em dois anos. A Serrinha, pra 25 mil pessoas, faz em dois anos tranquilamente, sem problema nenhum, tendo dinheiro, tenho as licenças legais, tendo tudo”
Adeus de Hailé
“Eu tenho certeza: ele vai até Junho de 2015 e depois disso, não vão ter o Hailé mais. Quando terminar o mandato dele em 2015, te garanto que ele não continua e, aí sim, vai se mudar tudo, vai ter uma pessoa que aglutine, não desagregue e que faça o dia a dia do Goiás com mão de ferro, se não vira bagunça e baderna de novo”
“Eu, dos irmãos, sou o mais próximo dele e eu vejo que meu pai cansou também. Ele fala que o sonho dele, agora, é entregar o Goiás com a CND, a Certidão Negativa, para o Goiás buscar esse dinheiro público, e sanear o Goiás juridicamente também. Ele tá muito cansado, tá desgostoso com o futebol, ninguém vê meu pai com aquele semblante de alegria mais igual se via antigamente. Ele já me confidenciou que, em Junho de 2015, passa o bastão”