A falta de estrutura financeira atrapalhou a campanha e uma possível vitória de Iris Rezende na eleição deste ano. A conclusão é do presidente do PMDB, deputado Samuel Belchior, ao avaliar em entrevista exclusiva a Rádio 730 o resultado da eleição deste ano em que o candidato do partido perdeu para o governador Marconi Perillo (PSDB) no último domingo.
“Enfrentamos dois problemas muito grandes. Uma foi a dificuldade financeira da campanha. Hoje, infelizmente, o sistema eleitoral nosso ficou muito dependente do fator financeiro. Falta de recursos desencadeia uma série de problemas na eleição”, disse. “Outro problema foi a força da máquina. O governo hoje tem uma série de programas sociais, quer queira quer não, é um modelo de amarração de voto. O sujeito que recebe uma Renda Cidadã dificilmente vota contra o governo que está dando este tipo de benefício”, ainda acrescentou.
Samuel Belchior negou que o PMDB tenha entrado dividido na campanha o que poderia também ter prejudicado a campanha do candidato do partido. Na pré-campanha, o partido viveu a disputa entre Júnior do Friboi, que acabou abandonando a pretensão de concorrer ao governo, e Iris, que se consolidou como o candidato. “Não. No início gerou um certo transtorno, mas ao longo da campanha isso foi se ajustando. Gerou um certo desgaste, mas não a ponto de inviabilizar a candidatura”, garante.
O presidente do PMDB disse também ser pessoalmente favorável a expulsão do partido de membros que apoiaram o governador Marconi Perillo, mas ressalta que essa decisão será colegiada, ou seja, de todo o partido. “O PMDB foi eleito para estar na oposição, é um partido que vai fazer este papel.Existem alguns companheiros que entendem que tem que ser governo. Eles podem ser governo, mas não no PMDB”, afirmou. “A pessoa não quer, não se sente bem no partido, é contra as diretrizes do partido: para que continuar? Ou ela sai por livre e espontânea vontade ou nós teremos que expulsar. Vai haver uma depuração natural em nossas lideranças”, declarou.
Samuel Belchior falou sobre o futuro político de Iris Rezende, que disse após a eleição que não será mais candidato. Sobre a maior liderança do PMDB disputar outras eleições, como a para a Prefeitura de Goiânia daqui a dois anos, Belchior acredita ser essa uma decisão que cabe apenas ao ex-governador avaliar. “É uma decisão que o próprio Iris tem que tomar. Tenho particularmente um respeito e um carinho muito especial por ele. Acho que ele tem inteligência, tem bom senso, experiência e pode contribuir muito ainda com o PMDB, e mais, com a política em Goiânia e em Goiás”, assegura. “Agora se ele vai ou não disputar uma eleição no futuro é uma decisão que ele tem que tomar”, ressalva, acrescentando que, além disso, ter uma liderança como Iris também como conselheiro do PMDB é muito importante para o partido.
Samuel Belchior, que não disputou a reeleição para deputado estadual, disse estar desiludido com a política. ”Ando muito desiludido com o nosso sistema eleitoral. Neste primeiro momento o que eu posso te dizer é que, na melhor das hipóteses, estou dando um tempo da política. Pode ser que eu volte a participar mais para a frente, mas neste primeiro momento não.Acho que se não mudar um pouco o modelo eleitoral nosso o preço que se paga é muito alto e eu não sei se eu estou disposto a isso”, afirmou.