Em depoimento nesta terça-feira (23), segundo dia do julgamento de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, a delegada Renata Helena da Silva Pontes, do 9ª DP (Carandiru) à época do crime, afirmou ao júri popular ter “100% de certeza” de que o casal cometeu o crime.

Maquete

O promotor do caso Francisco Cembranelli, utilizou uma maquete que reproduz o apartamento no edifício London, onde o crime ocorreu. A maquete reproduz marcas de sangue encontradas no apartamento, que a delegada confirmou ter encontrado: na entrada do apartamento e no quarto dos filhos do casal. Posteriormente, por meio do luminol, mais sangue foi encontrado, segundo ela.

Fórum

Testemunhas e jurados passaram a noite no fórum. Já os réus foram encaminhados a unidades prisionais da capital paulista. Ele passou a noite no CDP (Centro de Detenção Provisória) de Pinheiros e ela, na cadeia feminina do Estado, localizada no complexo do Carandiru. Nardoni chegou ao Fórum de Santana, na zona norte de São Paulo, às 8h30 desta terça-feira (23). Jatobá chegou dez minutos depois.

Por volta de 9h, chegaram ao Fórum de Santana, na zona norte de São Paulo, o advogado de defesa, Roberto Podval, e a avó materna de Isabella Nardoni, Rosa Cunha de Oliveira.

Condenação máxima

Rosa Oliveira entrou no fórum carregando uma rosa branca, afirmou que espera a condenação máxima do casal e disse que, para ela, a neta não morreu. “Eles não vão conseguir matar a minha neta, pois ela está viva dentro de mim. Minha neta está dentro do coração da gente”, disse.

Mãe de Isabella

No depoimento de testemunha realizado no primeiro dia de julgamento, a mãe de Isabella, Ana Carolina Oliveira, chorou por pelo menos três vezes, provocou o choro de ambos os réus, relatou o amor de Alexandre pela filha e o ciúme que a madrasta teria da relação do marido com a menina e com a ex-mulher.

Ana Oliveira, que evitou citar o nome da madrasta referindo-se a ela apenas como “Jatobá” na maior parte das vezes, disse que havia uma disputa de Jatobá pela atenção de Alexandre em relação à menina Isabella. “A mãe dele contava para a minha mãe que ela tinha ciúme da Isabella, que ela disputava a atenção dele com ela”, afirmou.

Oliveira também disse que chegou a manter contato com a madrasta pela internet e que ela sempre perguntava como havia sido o relacionamento deles. “Parecia que estava querendo investigar alguma coisa”.

Ainda de acordo com Oliveira, na presença de Jatobá, Alexandre Nardoni tinha um comportamento diferente. “Quando ela não ia com ele [Alexandre] buscar a Isabella, o comportamento era completamente diferente”. Ana Carolina disse também que Alexandre ligava para Isabella apenas durante a semana. “Ela [Isabella] não funcionava em horário comercial.”

Durante o relato, Alexandre Nardoni se curvava em atenção ao que Ana Oliveira dizia, acenando com a cabeça quando concordava. Já Anna Jatobá se manteve recostada à cadeira, escondendo-se atrás de uma pilastra. Ela carregava lenços de papéis no colo e dava sinais de um choro contido.

Pouco depois, questionada sobre qual seria o maior sonho de sua filha, afirmou: “Aprender a ler”. “Eu soletrava para ela escrever uma cartinha quando ela me pedia. Aí, ela dizia que, quando aprendesse a ler, ela iria escrever uma cartinha para mim”, disse Ana Oliveira, que interrompeu essa parte do depoimento para chorar. “A única coisa que ela sabia escrever era o nome dela”, completou, aos soluços.

Nesse momento, Alexandre Nardoni também começou a chorar, e Ana Oliveira continuou o depoimento dizendo que o ex-marido sempre aceitou sua gravidez e que nunca recebeu nenhuma reclamação dele por parte de Isabella. O mesmo disse em relação a Anna Jatobá.