Hailé Pinheiro não é um câncer no Goiás como pregam alguns, especialmente nas redes sociais. O dirigente tem a sua importância na história do clube. O veterano foi o grande responsável – não o único – por tirar o time do amadorismo e o inserir no profissionalismo.

O que Hailé almejou ele conquistou, um grande patrimônio material para o clube e superar os rivais da Capital, especialmente o Vila Nova. Enquanto a torcida alviverde se contentou em ganhar do rival colorado, Hailé foi um Deus na Serrinha. Os problemas começaram quando os esmeraldinos passaram a desejar algo a mais, além Paranaíba.

O modelo de gestão adotado por Hailé e seus aliados chegou ao ápice nos meados da década de 90. Os últimos grandes atos foram a construção do modesto estádio que leva o nome do dirigente e a entrada no Clube dos Treze. A partir dali, o Goiás passou a viver como um aposentado que não espera quase nada da vida. Quer mesmo é viver da boa aposentadoria conquistada.

A torcida do Goiás cresceu muito nas três últimas décadas, em número e em ambição. Depois de se contentar com feitos modestos como chegar entre 10 primeiros do Campeonato Brasileiro, o esmeraldino passou a desejar uma estrela dourada. Os dirigentes também desejam, mas ao invés do planejamento, eles preferem apostar no acaso, que por algumas vezes deixou o Goiás próximo de tal conquista.

 

Novos tempos

O formato de gestão Pinheiro se mostrou incapaz de manter o crescimento do clube a partir do momento que o G com um circulo em volta passou a ser mais importante que os hectares. Por mais doloroso que possa ser para Hailé, a grande receita do Goiás é proveniente de sua torcida e não de seu patrimônio. Quando a Rede Globo paga gordas mensalidades aos administradores da Serrinha é pela popularidade do time e não pelo número de campos nos centros de treinamentos.

O futuro vitorioso do Goiás passa necessariamente pelo fortalecimento nacional da marca, pelo envolvimento da torcida nos projetos do clube e pela democratização da Serrinha.

O rei Selassie montou o conselho de seu reinado a seu gosto, com amigos e bajuladores. Este grupo, com raríssimas exceções, sempre disse amém a tudo e nunca colaborou para a modernização da gestão do clube. Agora no momento de crise com o povo não consegue dialogar, não consegue fazer o seu papel que é de aconselhar o rei do melhor caminho a seguir.

O projeto Goiás caiu no descredito perante aos apoiadores. Mas a nobreza, como sempre, distante da plebe, ainda nem percebeu. Luís XVI só ainda não caiu porque não surgiram os Robespierre, Danton e Marat esmeraldinos. A sucessão é natural. Se até em Roma houve mudanças não será a Serrinha a exceção.

Os dirigentes esmeraldinos, que sempre fizeram questão de manter distância dos torcedores do clube, já clamam pela filiação deles ao Nação Esmeraldina. Eles já sentem o gosto de sangue na boca. A realeza já sabe que os muros da Serrinha estão fragilizados. A composição é último ato desesperado antes da expulsão. Sempre foi assim.

Se a revolução vai ser positiva ou negativa, somente o tempo poderá responder. A história nunca é escrita na véspera.