Um dos ícones do esporte brasileiro se envolveu em uma polêmica em fevereiro deste ano. O lutador do UFC Anderson Silva foi flagrado no exame antidoping e terá que passar por julgamento. Como não pode competir em sua categoria, o atleta vai investir nos treinamentos de taekwondo visando a disputa das Olimpíadas do Rio em 2016.

Uma opção que, no mínimo, traz um questionamento curioso: como um atleta que está sendo julgado por antidoping pode disputar a maior competição esportiva do mundo? Essa resposta é simples, porém não é satisfatória no meio esportivo.

Os exames relacionados ao antidoping foram feitos pela Comissão Atlética de Nevada (NSAC), mas essa entidade não tem ligação com a Agência Mundial Antidoping (WADA). Como quem regula as competições olímpicas é a WADA, esse processo envolvendo o atleta não tem validade nas Olimpíadas. Ou seja, o lutador Anderson Silva pode disputar uma categoria defendendo a seleção brasileira, que seria o taekwondo.

Mas do ponto de vista da Ética, isso não pode acontecer no esporte. Independente do atleta, seja o melhor do mundo ou o que está começando a carreira, deveria existir uma comunicação entre as entidades que regulam a questão do antidoping. Um atleta que está envolvido em um processo por ter ingerido substâncias proibidas em sua modalidade não poderia participar de outras competições.

Não vou questionar aqui a questão do merecimento, se o Anderson Silva é o mais apto para representar o Brasil ou se é outro atleta da modalidade, como por exemplo, Guilherme Félix, que é o principal lutador brasileiro na categoria acima de 80 Kg. O merecimento fica por conta da seletiva da Confederação Brasileira de Taekwondo.

Para os Jogos de 2016, a seleção brasileira já tem quatro vagas garantidas por ser sede, sendo duas masculinas e duas femininas. Além disso, outras quatro vagas podem ser conquistadas pelo ranking.

Mas o fato é que ficaria manchado na história do esporte brasileiro, e principalmente do taekwondo, se um atleta envolvido com antidoping fosse o escolhido para disputar as Olimpíadas. Legalmente ele pode competir, mas no ponto de vista da Ética seria um absurdo.