Em entrevista exclusiva à Rádio 730, o presidente da Federação Goiana de Futebol, André Pitta revelou estar preocupado com a possibilidade de diversos clubes não estarem aptos a participar do Campeonato Goiano 2016. “Devemos estar marcando uma reunião prévia, em virtude da nova Medida Provisória, para depois podermos falar no conselho técnico (do estadual). Até porque a medida nos preocupa em relação à condição dos clubes participarem do campeonato goiano do ano que vem”.
Saiba mais:
Presidente da FGF teme esvaziamento do estadual devido a MP 671
O mandatário do futebol goiano explicou a situação. “De acordo com a nova Medida Provisória, é obrigatório que as Federações incluam nos seus regulamentos que todos os clubes têm de apresentar todas as certidões tributárias, como FGTS, INSS. E nós sabemos que todos, ou a grande maioria dos clubes não tem essa certidão e quem não apresentar a certidão, de acordo com a nova MP, fica excluído do campeonato e automaticamente rebaixado para a segunda divisão. Isso nos preocupa”.
Pitta ressaltou que, atualmente, apenas dois dos 10 participantes do Goianão 2016 estão aptos a participar dos torneios, com essa nova medida. “A princípio, acredito que a Aparecidense e o Goiás. As outras equipes restantes não teriam condições de disputar o campeonato”.
O presidente da FGF fez questão de ressaltar que o importante é cada clube conseguir quitar suas dividas, independentemente do programa de refinanciamento. “Não é uma obrigação aderir ao Profut. A obrigação é que ele tenha todas as certidões e que não tenha adquirido nenhuma nova ação trabalhista ou em fase de execução a partir da entrada da lei em vigor. Então, na verdade, se o clube conseguir quitar sua divida a vista ou conseguir outro parcelamento, que não seja o Profut, não tenha que, necessariamente aderir, mas ele é obrigado a apresentar todas as certidões”.
De acordo com André Pitta, a preocupação atinge federações e clubes de todo o país. “Preocupa não só a Federação Goiana. Tivemos uma reunião no Rio de Janeiro essa semana e é algo que preocupa as Federações de todo o país. Até porque nos sabemos que, se você pegar os 20 clubes da Série A, apenas uns 5 clubes tem e o restante não tem. Isso na Série A, imagina então no restante do futebol brasileiro. Se não houver um empenho imediato dos clubes e uma atenção rápida para essa regularização, com certeza teremos vários clubes impedidos de jogar no futebol brasileiro em 2016”.
Goiás
O time esmeraldino participava do Refis. Porém, acabou optando pela migração para o Profut, por entender que é uma plataforma de pagamento de dívidas mais interessante.
Atlético
Em entrevista ao repórter Rômulo César, da Rádio 730, o presidente rubro-negro, Maurício Sampaio, destacou que o Dragão ainda não definiu qual programa irá utilizar quando o assunto é refinanciamento das suas dívidas. “Temos uma reunião marcada para segunda-feira, onde definiremos qual melhor caminho a seguir”.
Vila Nova
Em entrevista ao repórter Vinícius Tondolo, o diretor jurídico do Vila Nova, Paulo Henrique Pinheiro, explicou a situação. “O que interessa hoje é que, além do critério técnico, de ganhar dentro de campo, vai ter uma interferência estatal, que vai ser necessário ter as certidões para poder participar das competições, seja federal ou estadual”.
Paulo Pinheiro ressalto que a inclusão dessas “novidades” nos regulamentos de todas as competições do futebol brasileiro preocupa muito o Tigrão. “Hoje o presidente da Federação age conforme a lei e nós já estamos muito preocupados, desde a edição da MP no mês de junho, e já estamos fazendo um levantamento completo de toda a dívida fiscal e tributária, de FGTS também. Já estamos fazendo um planejamento para tentar ingressar pelo Profut. Tentar fazer o parcelamento sem o Profut é inviável, hoje, pela realidade do Vila Nova, mas dependemos também desse acesso à Série B, pois aí teríamos uma previsão de receita forte, inclusive para dar entrada e conseguir a certidão positiva com efeito negativo”.
O diretor jurídico alvirrubro fez questão de ressaltar que, caso não as novas medidas sejam aplicadas “imediatamente”, é provável que diversos clubes não consigam se adequar e fiquem sem participar das competições em 2016. “Representantes de todos os clubes da Séries A, B, C e D estão trabalhando essa situação em sentido amplo. Com a realidade de 812 clubes no Brasil, menos de 15 conseguiriam adequar aos termos da lei. Então é uma realidade que preocupa bastante. Você ter uma dívida que vem perdurando há diversos anos e você ter que resolver do dia para a noite, sendo que a maioria dos clubes não tem receita para tal, é preocupante. A dívida do Vila não é baixa, mas vamos buscar adequar de todas as formas.
Se for levado a ferro e fogo, conforme está hoje, a maioria dos clubes no Brasil não teriam a mínima condição de participar das competições. A esperança é que os legisladores, no momento do decreto que vai regulamentar a lei do Profut possam dar algum prazo de carência, para que possamos fazer essa adequação, analisando aquela situação com o passar dos dias. Se for do dia para a noite vai complicar bastante”.
Paulo Pinheiro ainda revelou quanto o time colorado precisaria, imediatamente, para ter sua situação legalizada, caso a participação em torneios de 2016 fossem confirmadas ainda no decorrer dessa semana. “Se fosse nessa semana, seria em torno de 2 a 3 milhões para fazer um pagamento de entrada e parcelas a nível mensal, na casa dos 400, 420 mil. Isso para disputar o campeonato goiano e o nacional do próximo ano”.
Por fim, o dirigente alvirrubro destacou que a nova situação deve punir gestões amadoras em clubes profissionais. Porém, ressaltou que é um assunto complicado, já que a maioria esmagadora dos times no Brasil não têm mínimas condições financeiras. “É pra fechar o cerco. Vai acabar com o amadorismo na gestão do futebol, mas temos de pensar como impor uma situação assim para 812 clubes, sendo que 97% vivem da doações pequenas de torcedores e da ajuda de poucos, sem receita grande de televisionamento. Só 40 (clubes) teriam uma receita já consolidada, que seriam de transmissão”.