Um dos grandes trunfos do Atlético para a excelente campanha na série B é o baixo número de lesões durante a temporada. Neste momento, o departamento médico do Dragão está vazio. Ao longo do campeonato, é possível contar nos dedos os jogadores que se contundiram.
Mesmo aqueles que apresentaram algum tipo de lesão, deixaram o DM em tempo mais curto que o comum. Trabalhando com um elenco enxuto, é importante para o treinador rubro-negro ter todos os atletas à disposição.
O homem por trás desses resultados impressionantes pouca gente conhece. Robson Porto tem 44 anos e é formado em fisioterapia pela Universidade Salgado de Oliveira. O profissional é especialista em reabilitação, principalmente de atletas. Porto tem clientela cativa no mundo do esporte e já atendeu, entre outros nomes, a ciclista medalhista pan-americana Clemilda Fernandes.
Para chegar nesse nível de excelência, o trabalho passou por um projeto de longo desenvolvimento. O trabalho foi iniciado em 2010, mas foi pensado desde a época em que Robson Porto cursava sua graduação. O fisioterapeuta conta que, para a implementação do modelo, foi necessária a cumplicidade para um esforço conjunto de vários profissionais do clube.
“É um trabalho que se iniciou em 2010. Na época o treinador era o René Simões. A gente veio com um projeto de pesquisa em termos de prevenção de lesão no esporte, principalmente no futebol. Já era um artigo que eu vinha trabalhando desde a minha época de faculdade. Foi defendido em cinco congressos. Não é nada empírico, é científico. Com a chegada do professor (Marcelo Cabo), ele acatou o trabalho. Tivemos todo o apoio da diretoria. É um trabalho em conjunto de treinador, preparadores físicos, massagistas, fisioterapeutas”, diz.
Como funciona?
O método aplicado por Porto para minimizar as lesões consiste basicamente em três fases. Primeiro, coleta-se informações sobre o desempenho físico dos atletas. Depois, os dados são analisados para que, por fim, produza-se uma rotina específica de trabalhos de musculação e prevenção para os jogadores. O fisioterapeuta ressalta que observar o desgaste é essencial para obter bons resultados.
“A gente trabalha com uma série de informações. Um cruzamento de dados dessas informações. Em cima disso é elaborado um trabalho, tanto de reequilíbrio muscular como de prevenção ou recuperação de fadiga. Observamos os desgastes físicos individuais dentro de cada partida e treinamento. Em cima disso, elabora-se um trabalho discutido em equipe para prevenir essa lesão”, conta.
DM vazio é sinal de… trabalho
Os números produzidos pelo método de Robson Porto impressionam. O Dragão não tem nenhum atleta lesionado há dois meses. Quando o assunto é contusão muscular, o tempo é ainda maior. São quatro meses. O torcedor pode pensar que, com o departamento médico vazio, o trabalho do corpo clínico do Atlético diminui. Nada disso. Segundo o fisioterapeuta, a atividade é ainda mais árdua para se prevenir as lesões.
“Ao contrário do que as pessoas imaginam lá fora, trabalhamos mais quando não temos lesões. Em cima, primeiro, desse monitoramento e cruzamento de dados. Colocamos sempre a comissão técnica a par de tudo o que acontece. Aí muita massagem, alongamento,trabalho de reequilíbrio. Estamos há quatro meses sem nenhuma lesão muscular e há dois meses sem nenhum jogador no departamento médico no Atlético”, frisa.
Com o reconhecimento pelo bom trabalho realizado à frente do departamento médico do Dragão, Robson Porto relembra as alcunhas que recebeu em outros tempos: “Já me frisaram de charlatão, de raizeiro, macumbeiro. Quem conhece o trabalho sabe que é pura ciência. É um estudo que vem desde 2010, até antes porque comecei na universidade. É um trabalho que vem dando resultado e estamos colhendo os frutos”, finaliza.
Sem nenhum jogador machucado, os únicos desfalques rubro-negros para a próxima partida são por suspensão. Michel recebeu o terceiro amarelo na última rodada de Alison foi expulso diante do Ceará. Sem a dupla, o Atlético encara o Vila Nova, às 16h deste sábado, 03, no Serra Dourada.