Na tarde desta segunda-feira (10), a Rádio 730 deu a informação de que o presidente do Vila Nova, Gutemberg Veronez, está renunciando ao cargo. Os motivos, no entanto, não foram revelados e o mandatário não quis dar entrevistas. Ele protocolou carta de renúncia junto ao conselho deliberativo e não deve participar da reunião marcada para esta noite, no OBA.
CANDIDATURA
Guto, como é conhecido, assumiu o Vila Nova no final do ano de 2014, após a renúncia do então presidente Joás Abrantes. Na época, novas eleições foram convocadas e o presidente disputou o pleito com Vinícius Marinari, também conselheiro. No final das contas, 59 conselheiros votaram e Guto foi eleito com o placar de 39 a 17, tendo outros dois votos brancos e um nulo.
“Não serão só rosas, terão muitos espinhos nesse caminho árduo. Mas, volto a te dizer, o único time que pode se viabilizar via torcida, é o Vila Nova. Temos muito conselheiros, torcedores que gostariam de colaborar com o clube, mas essa diretoria atual não deixou a porta aberta para esse vínculo. O Vila tem que mudar esse tipo de gestão”, falou Guto antes de ser eleito.
ELEIÇÃO
A eleição de Guto era esperada por uma grande ala da torcida vilanovense, desgastada com as últimas gestões do clube. Na noite do pleito, vários torcedores foram para a porta do Onésio Brasileiro Alvarenga e, após o resultado, o presidente saiu aclamado por todos.
“É uma emoção que não tenho como narrar, continuo muito pé no chão, porque será um ano muito difícil, mas um ano muito vitorioso para o Vila Nova. Sem dúvida nenhuma, é um torcedor das arquibancadas, que viaja com o clube torcendo sempre. Eu sou representante da torcida colorada, o Vila Nova não tem dono, o dono dele é a torcida colorada. Era um apelo por uma mudança da gestão que estava tendo, eu represento um grupo, o de torcedores vilanovenses”, declarou Guto em sua primeira entrevista enquanto presidente.
MOMENTOS DE GLÓRIA
Em seu primeiro ano de gestão, Guto devolveu o Vila aos lugares que sempre esteve: elite do Goianão e Série B do Brasileiro. Vale lembrar que, em 2014, o Tigre foi rebaixado duas vezes, à Divisão de Acesso do Campeonato Goiano e à Terceira Divisão do Brasileirão. Sempre respaldado por sua diretoria e com um elenco fechado, o presidente ajudou o clube a conquistar o título de todos os campeonatos que disputou em 2015, sendo um deles o bicampeonato brasileiro da Série C.
Na ocasião, a Federação Goiana de Futebol mudou as datas da Divisão de Acesso para que o Vila tivesse calendário durante o ano todo. O time conseguiu o acesso em uma partida emocionante diante do Anápolis, no Jonas Duarte, com vitória por 3×1. O título foi conquistado em cima de um dos antigos rivais, o Goiânia, com goleada por 6×0.
“QUEM RIU DA NOSSA QUEDA, VAI CHORAR COM A NOSSA VOLTA”
No Brasileirão Série C, a caminhada rumo ao título foi mais complicada. O Vila foi para as quartas-de-final duelar contra a Portuguesa. A primeira partida foi no Serra Dourada e o Tigre bateu a equipe paulista por 1×0. Na volta, jogando no Canindé, nova vitória, desta vez, por 2×1, com dois gols de Frontini. Após a partida, Guto desabafou e dedicou vitória ao técnico Márcio Fernandes.
“A gente tem que dedicar essa vitória ao Márcio Fernandes, é o cara que merece isso por tudo o que passou essa noite. Ele perdeu seu pai e veio trabalhar, isso é de uma hombridade e responsabilidade com o Vila Nova. Ao contrário de vários técnicos que vieram só pra roubar do Vila Nova. Amanhã, o aeroporto Santa Genoveva vai ser pequeno, São Paulo é pequena para o Vila Nova, o Brasil é pequeno para o Vila Nova. O gigante voltou, quem riu com a nossa queda, pode preparar, vocês vão chorar com a nossa volta”.
NOVAS ELEIÇÕES
No final de 2015, novas eleições foram feitas, já que Gutemberg estava cumprindo o restante do mandato anterior, quando Joás Abrantes foi eleito. Guto foi reeleito por mais um biênio e Wilson Balzacchi assumiu a presidência do conselho deliberativo, que era ocupada por Carlos Alberto Barros.
DO CÉU PARA O INFERNO
Em 2016, nem tudo foram flores como no ano anterior. O Vila Nova trocou de técnico diversas vezes, o elenco não foi mantido, jogadores importantes, como Robston, saíram e a diretoria que acompanhava e respaldava o presidente renunciou de forma coletiva. A renúncia da antiga diretoria se deu pelo fato de Guto ter contratado Felipe Albuquerque como diretor de futebol, após a saída de Hugo Jorge Bravo. Felipe não era um nome querido entre os antigos diretores.
“Fiquei um pouco surpreso nesse momento, mas a gente entende, é um momento difícil para o atleta. Mas sou muito grato ao Robston, tenho planejamento para ele no ano que vem, para disputar o Campeonato Goiano. Ele preferiu ir para outro clube, porque achou que no Vila Nova não tinha espaço, eu fiquei surpreso com essa situação. Um técnico, quando chega no clube, ele tem uma proposta de jogo e, às vezes, as pessoas não se adaptam”, declarou Guto após a saída de Robston.
NOVAS ESPERANÇAS
Após a última instabilidade, o técnico Guilherme Alves foi contratado e seu trabalho tem rendido bons frutos ao Vila, que tem pouquíssimas chances de um novo rebaixamento à Série C. Junto ao novo técnico, novos jogadores foram contratados, a maioria deles vindos do interior paulista, onde Guilherme começou sua carreira técnica. Alguns braços-direitos, como o caso do zagueiro Guilherme Teixeira, que segue no futebol profissional graças ao treinador, que deu nova chance quando o jogador pensou em se aposentar.
ÚLTIMA ENTREVISTA
Em sua última entrevista coletiva como presidente, Guto falou sobre a importância de o Vila Nova voltar a vencer dentro de casa. À época, o Tigre estava prestes a jogar contra o Oeste, na volta do time ao Estádio Olímpico, e com o Vila sem vencer em seus domínios há dez rodadas. Ele contou, também, sobre o pagamentos de bichos ao elenco.
“É véspera de um jogo importante, temos que passar para os jogadores a importância de um resultado positivo. Não temos conseguido êxito dentro de casa e isso está virando um tabu. Como o Vila quebrou vários tabus fora de casa esse ano, está na hora de fazermos uma boa partida, vencer e convencer. Temos que nos superar e buscar os três pontos. A gente tem feito uma força descomunal para manter os bichos em dia, é um assunto interno, mas passa primeiro por uma vitória amanhã”.
SAÍDA
O agora ex-presidente do clube confidenciou que se distanciará por completo dos bastidores do clube, renunciou tanto à presidência quanto ao conselho deliberativo. Segundo Guto, ele voltará para as arquibancadas, seguindo a vida de torcedor que tinha antes de se aventurar pelo executivo do Tigrão. Ele ressaltou, ainda, que o foco será sua família, que estava bastante exposta pelo cargo que o ex-dirigente exercia dentro do Vila.