04 de dezembro de 2016 ficará na memória dos goianos como um dia de fortes emoções. Hora cinzento, hora ensolarado, o domingo passava rapidamente para os familiares e amigos que se despediam do cinegrafista que ganhou o Brasil. Foi difícil de crer, mas por volta das 18h50 o corpo de Ari Júnior foi sepultado no Cemitério Parque Memorial, em Goiânia.
Durante todo o dia, várias homenagens ocorreram. A capital de Goiás e a Capital da Fé, neste domingo, juntas, formaram a “Capital de Ari”. As cidades foram interligadas por muita devoção, oração e lembranças dos maiores feitos conquistados por Ari. O goiano foi um dos 71 mortos no acidente com o avião da delegação da Chapecoense, na Colômbia.
Amigo e ídolo, Gilson, que também é repórter cinematográfico, prestou homenagem ao cinegrafista goiano.
– Se eu sou repórter cinematográfico, e, hoje sou gerente de transmissão, é por causa desse homem, que vai deixar milhões de brasileiros, por conta desse acidente aéreo. Nós, repórteres cinematográficos devemos a ele pelo seu espelho de bom homem e carácter. Por onde passou, seu sorriso sempre estava marcante. Nós somos muito grato a você.
A história de Ari Júnior
Da portaria da TV Serra Dourada, para as maiores coberturas internacionais da história da TV brasileira. Desde a década de 1990, um mar de admiração banhava os goianos. Na TV Anhanguera, afiliada da TV Globo em Goiânia, Ari marcou a emissora ao realizar grandes trabalhos às margens do Rio Araguaia, em 1996.
Com um admirável estilo de praticar seu ofício, a partir de 1997, quando se transferiu para a TV Globo, em São Paulo, o “mar de admiração de Ari” passou a respingar em todos os lares do país. 15 anos depois, o goiano novamente mudou de CEP ao ser convidado a trabalhar na TV Globo do Rio de Janeiro, matriz da rede nacional de televisão.
Última entrevista à 730
Na última oportunidade que teve em falar com a Rádio 730, Ari Jr. falou da experiência em acompanhar Wendell Lira, também goiano, na disputa do Prêmio Puskas da Fifa, de gol mais bonito da temporada 2015. O atacante acabou saindo vencedor da disputa, e Ari fez questão de ressaltar a humildade de Wendell durante a ida à Suíça, em Zurique, sede da Fifa:
– É um menino com uma história de vida maravilhosa, ele merece tudo o que aconteceu com ele. É, sem dúvida, o grande prêmio da carreira dele. No voo de volta, veio olhando para a taça no colo e até chegou a chorar lembrando do seu passado. Ele parou a aeronave, o aeroporto, parou tudo, todo mundo queria parabenizá-lo. Ele merece muito – declarou na época.
Descontraído, Ari ainda revelou que não gosta muito de estar em frentes às câmeras: “Meu negócio é atrás das câmeras, no microfone eu não dou conta (risos), gaguejo, não sai nada. Se me chamarem pro Planeta Extremo, terremoto no Nepal, isso aí é comigo, isso eu dou conta. Entrevista não”, brinca.