O deputado federal Alexandre Baldy (Podemos) concedeu nesta terça-feira (23) uma entrevista exclusiva à Rádio 730, na qual analisou a atual situação política do governo Temer.
O Podemos – antigo PTN – foi um dos primeiros partidos a deixar a base do presidente Michel Temer (PMDB) depois que o conteúdo das gravações apresentadas pelos irmãos Joesley e Wesley Batista – donos do frigorífico JBS – por meio de delação premiada, vieram à tona. Nos áudios, o presidente aparece negociando a compra do silêncio do ex-presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha.
O deputado Alexandre Baldy afirma que, diante das delações, a permanência do presidente no poder tornou-se insustentável. “O Brasil vem de uma recuperação lenta e difícil e todas essas conquistas que o governo teve em relação a economia nos últimos 12 meses foram praticamente perdidas”.
Ao fazer uma análise de conjuntura sobre o atual cenário político, Baldy ressaltou que defende a realização de eleições indiretas à despeito do posicionamento do próprio Podemos, que coloca-se enquanto legenda como favorável às eleições diretas. “O Podemos tem um viés pelas eleições diretas. Mas eu, particularmente, penso que a Constituição prevalece sobre as demais leis e a única solução que nós temos hoje na Constituição Federal é a realização de eleições indiretas”, explica.
A saída de Temer do poder pode acontecer mediante três cenários: renúncia, impeachment, ou cassação no Tribunal Superior Eleitoral. Caso Temer renuncie ou sofra um impeachment, a Constituição Federal determina que o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), assuma a liderança do país e convoque, no prazo de 30 dias, eleições indiretas para os cargos de presidente e vice-presidente da república. Neste tipo de votação, o Congresso elege os representantes sem que haja participação do povo.
No entanto, parte dos parlamentares – defensores das eleições diretas – trabalham pela aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC 227/2016), de autoria do deputado Miro Teixeira (Rede), que prevê eleições diretas no caso de vacância da presidência.