Em virtude do aniversário de 207 anos de Campinas, a Rádio 730 prestou uma homenagem na manhã desta sexta-feira (07) aos moradores da antiga Campininha. O professor, historiador – primo do também historiador Bariani Hortêncio – e ex-jogador do Atlético Goianiense, Horieste Gomes, concedeu uma entrevista exclusiva ao jornalista Altair Tavares – durante o programa ‘A Cidade Fala’ – na qual relembrou momentos marcantes da história do bairro. Confira:

Altair Tavares: – O senhor se mudou para cá (Goiânia) em 1939. Veio de onde?

Horieste Gomes: Eu vim da cidade de Orlândia. Quando cheguei a Goiânia eu tinha cinco ou seis anos. Fui direto para Campinas, onde fui criado. Estudei no Grupo Escolar Pedro Ludovico Teixeira, que fica ali na Avenida Paraná. Em termos didáticos, os professores lá estavam muito a frente pois incentivavam a leitura. Ganhei várias vezes uma premiação em livros e assim comecei a ler a obra de Monteiro Lobato.

Altair Tavares: – Quais são as coisas mais marcantes da história de Campinas na sua opinião?

Horieste Gomes: Eu considero três espaços. O primeiro deles é o espaço da Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição, originária de uma capela doada por Joaquim Gomes, em 1910. O decreto n° 1 da Câmara de Vereadores de Goiânia data de 1935, quando Campinas perdeu autonomia administrativa e passou a ser um bairro. Campinas compreendia Barro-Preto (Trindade) – que separa de Campinas em 1920 – Cerrado (Nerópolis), Sussuapara (Bela Vista), Aparecidinha (Aparecida de Goiânia), era um município imenso. Toda a mão-de-obra existente em Campinas foi levada para Goiânia.

altairehoriestesAltair Tavares: – A população da época gostou da mudança ou não houve reação?

Horieste Gomes: Não teve reação porque na época as pessoas não compreendiam a importância de se ter um município com todo um potencial de riquezas e a presença de Pedro Ludovico Teixeira e do primeiro prefeito de Goiânia, Venerando de Freitas Borges, eram fortes e determinantes. A mudança da capital deu uma nova dinâmica para Campinas em termos de emprego também. Hoje Campinas representa 60% da renda de Goiânia e emprega mais de 50 mil pessoas.

Altair Tavares: – Quando começou o comércio atacadista em Campinas?

Horieste Gomes: Entre as décadas de 1930 e 1940.

Altair Tavares: – Como foi a sua participação no Atlético Goianiense?

Horieste Gomes: Eu participava de um time de várzea chamado Palmeirinha Futebol Clube, que cresceu e forneceu jogadores para o Dragão. Em 1947 eu me tornei jogador do Atlético e permaneci até 1952. Mas eu era pobre e almejava estudar então acabei deixando o clube depois para estudar e trabalhar. Eu jogava na meia-esquerda e era bom de bola, chutava e driblava com os dois pés.

Altair Tavares: – Professor Horieste Gomes, devemos falar 207 anos do bairro de Campinas ou 207 anos da cidade de Campinas?

Horieste Gomes: Eu prefiro falar 207 anos da cidade de Campinas.

Altair Tavares: – Por que a praça Joaquim Lúcio ganhou esse nome?

Horieste Gomes: Em função desse personagem (Joaquim Lúcio), da família Moraes. É uma família muito presente no âmbito político em Campinas. Na época a política ainda era feita dentro das condições da antiga capital. Após a Ditadura, nós perdemos muitos nomes de Ruas e monumentos históricos. A própria Avenida 24 de Outubro a princípio chamava-se Avenida Goiás e a atual Avenida Goiás chamava-se Avenida Pedro Ludovico Teixeira. O coreto da Praça Joaquim Lúcio tem um significado muito grande, ele foi criado em 1934 – salve engano – porque a vida social na época era a Igreja, a Praça Joaquim Lúcio e o campo de futebol do Atlético Goianiense.

Altair Tavares: – O que é preciso ser melhorado em Campinas?

Horieste Gomes: Campinas deveria ter uma subprefeitura. Hoje dia muitas pessoas dormem em volta do Coreto, é preciso criar albergues para atender essas pessoas. Além disso, muitos prédios históricos não estão preservados. O colégio Pedro Gomes, por exemplo, está decadente.

Altair Tavares: – Quais livros sobre Campinas o senhor escreveu?

Horieste Gomes: Eu publiquei Memórias da Campininha, A Campininha das Flores (em parceria com outros autores); A Saga do Dragão; Reminiscências da Campininha; Lembranças da Terrinha; e já tenho um no forno sobre a história dos bravateiros, contadores de bravatas.

Ouça a entrevista completa:

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