Nesta segunda-feira (7) foi confirmado que alguns atletas do Goiás passaram a treinar com o time B da equipe esmeraldina. Jogadores como o goleiro Márcio; laterais Helder, Paulinho e Felipe Saturnino; os meias Jean Carlos e Murilo e o atacante Léo Gamalho. Mas existe a possibilidade de retornarem a equipe principal dependendo da melhora no desempenho. O Goiás chegou a essa decisão após a derrota para o Oeste na última sexta-feira (4), por 2 a 0, no Estádio Serra Dourada. O presidente Sérgio Rassi concedeu entrevista exclusiva para a Rádio 730 onde comentou a atual situação do alviverde.  

Confira a entrevista completa:  

O que você acha que está acontecendo com o Goiás na Série B? 

-É uma posição vergonhosa. Nós estamos nos perguntando a todo instante o que está errado, por que com certeza alguma coisa está errada. Não justifica pelo segundo ano consecutivo sem a limitação financeira que tivemos em nos dois primeiros anos estarmos nessa situação. Essa é a pergunta que eu faço para o meu travesseiro todas as noites e tenho certeza que as pessoas que dividem comigo a direção do clube também fazem a mesma pergunta. Acho que a gestão do futebol não é tão fácil, por que envolve muitos fatores. Muito do sucesso da equipe depende do entusiasmo e comprometimento. Costumo dizer que no Goiás parece ter aquela síndrome do filho rico, que tem tudo a disposição mas insistentemente tira nota ruins na escola. Sinceramente não sei. Estamos tentando restringir o número dos atletas e talvez a vinda de mais dois ou três jogadores, agora que o Argel familiarizou com o grupo, deu oportunidades a todos e ninguém pode reclamar. Terá um grupo enxuto que jogará por ele e pelo clube.  

Esse termo usado “Filhinhos de papai” é o que acontece no Goiás atualmente?  

-É isso mesmo. Já falei isso para os próprios atletas e ainda fui mais a diante. Falei que em um situação dessas o pai tem duas opções. Ele conversa ou vai para um castigo. Nós não gostaríamos de colocar de castigo em uma situação dessas.  Nós temos a incompreensão, intolerância e as vezes até a violência de alguns atletas. Obviamente não compartilho com isso, mas é a sequência da situação. 

Como o Goiás chegou a lista de sete jogadores para serem afastados?  

-Isso não é um castigo.  O Castigo que me referi seria o não pagamento de bicho e atraso no salário. Tem times que não estão pagando o salário e a equipe está jogando só com promessa de bicho. Tem times vizinhos nossos que estão fazendo desse expediente.  Nós pagamos antes do quinto dia do mês subsequente. As premiações de bicho estão todas em dia. A criação do grupo B do Goiás, semelhante com que acontece em outros clubes, a Chapecoense joga hoje o time B contra o Barcelona. Isso acontece por que é incompatível um treinador fazer um treinamento de qualidade com quarenta atletas. Nós temos jogadores que vieram da base, que estavam emprestados e jogadores que estão na zona de conforto. O grupo A tem jogadores que poderão ir para o grupo B. E o grupo B terá jogadores que voltarão para o grupo A. Quem define seu futuro é ele mesmo.  

A motivação de colocar Léo Gamalho no time B foi do técnico ou da diretoria?   

-É uma conjunção de fatores. O Gamalho passou por um constrangimento muito grande na última partida. Ele ao sair da Serrinha encontrou seu carro com danos. Isso o deixou constrangido, inseguro e temeroso. Nós temos a obrigação de garantir aos nossos atletas segurança. Nós estamos estudando a possibilidade de negociação o permuta com outro atleta. O fato dele ter tido oportunidade como o Argel, mostra que o Argel está dando muita oportunidade a todos. Talvez o desempenho dele não tenha sido como esperávamos. Não temos jogadores que podem reclamar de falta de chance para mostrar seu futebol. Quando fala com ele, jogador rebate falando que a bola não chega a ele. É uma situação multifatorial.  

Você entende que Léo Gamalho perdeu o ambiente no clube?  

-No ambiente de trabalho, independente de que tipo de trabalho seja, se tenha alguma indiferença do tipo, evangélico, católico, judeu e etc. A indiferença existe e temos que saber conviver com ela. No esporte é inadmissível que essas indiferenças interfiram no ambiente de trabalho. Essas picuinhas que deveriam ser gerenciadas e resolvidas da melhor forma. Essas coisas não estão sendo gerenciadas e uma hora explode. Essa situação já aconteceu no ano passado. Isso tem que ser resolvido. Foi uma das razões de ter trazido o Argel. Ele é técnico disciplinador que não admite jogador chegar atrasado em treino.  

A conduta do Osmar Lucindo tem que ser mais rígida no dia-a-dia dos atletas?  

O Osmar é uma pessoa que adora e admiro. É uma pessoa que é franca e honesta. Tem caráter que pouco encontrei na minha vida. Ele e eu cabeceemos dessa malicia do futebol. Tentamos colocar com ele um ex atleta e ídolo do clube por duas vezes e não deu certo. Tentamos trazer um gestor de futebol de fora e também não deu certo. Tem alguma coisa de instancia superior no clube impedindo o desenvolvimento das coisas.  Ele está dando para esse treinador todas as condições para que ele desempenhe seu papel. Infelizmente o Argel chegou um pouco tarde para colocar na prática o seu trabalho. Nós ainda temos chance. Ainda não joguei a toalha e nem estou planejando para o ano que vem. Se agirmos com seriedade, serenidade e justiça teremos chance.  

A briga do Goiás é acesso ou permanência?  

-Com certeza que é acesso. Não estou querendo iludir torcedor. Eu acredito ainda no acesso, desde que tomemos a medida necessária. Eu acho que elas estão sendo tomadas a partir de agora.  

Por que o presidente do conselho Hailé Pinheiro se afastou?  

-Seu Hailé se desgostou muito com vários treinadores que chegaram aqui no clube. Na última vez estávamos decidindo qual treinador viria eu liguei para ele e pedi para que fizesse uma reunião. Ele disse o seguinte ‘Eu não vou mais me envolver com futebol. Eu estou cuidando das outras situações, principalmente jurídica. Eu confio fielmente no que você e o Osmar decidirem.  Qualquer coisa pode contar comigo, mas eu quero ficar fora disso’. E assim está sendo feito.  

O zagueiro Alan Costa e o atacante Lins serão os novos reforços para o Goiás?  

-Nós estamos vendo a situação de mais um zagueiro. Já contratamos um atacante ofensivo pela esquerda, que é o Nathan. E temos a possibilidade de uma permuta e modificação com a camisa nove, envolvendo ou não o Léo Gamalho. Temos essa lacuna antiga para o camisa 10. O Nenê quando esteve a disposição nós ventilamos o nome dele, mas não encaixou no perfil exato do jogador que precisamos no momento. Seria um jogador com maior atividade, finalizasse e tivesse uma idade menor.