Nesta quinta-feira (5), a polícia federal deflagrou a operação Trem Pagador. O objetivo da PF foi identificar, localizar e apreender a maior quantidade de bens obtidos por meios ilícitos com desvios de verbas da empresa pública Valec Engenharia Construções e Ferrovias S.A. A operação culminou com a prisão temporária de quatro pessoas, entre elas, o ex-presidente da Valec, Juquinha das Neves. Em entrevista à RÁDIO 730, o Procurador da República em Goiás e responsável pelas investigações, Hélio Telho, explicou os detalhes da operação.

“Essa operação tem um aspecto inovador no sentido de que não focou exclusivamente na cena do crime, criminoso e prisão, mas principalmente na identificação da maior quantidade possível de bens, de zelar laranjas e apreender cautelarmente todos os bens que tenham suspeita de origem ilícita ou que não esteja demostrado de maneira clara que foram adquiridos com recursos lícitos”, justificou o procurador.

Segundo Hélio Telho essa investigação é um pouco complexa, “a polícia federal fez investigação de quase um ano com escutas telefônicas, o juiz autorizou quebra de sigilo bancário e fiscal, foi feita uma perícia contábil e essa perícia vai ser aprofundada com os elementos que foram colhidos. O objetivo é verificar se aquele bem foi adquirido pelo preço declarado”.

O procurador ressaltou as evidências de que houve pagamentos indevidos por obras realizadas pela Valec, comentou as ações dos envolvidos e de Juquinha das Neves. “Abriram empresas em nome de parentes que não tem existência física, empregados, contas bancárias, só tem nome. Empresas que não tem faturamento, mas tem os bens. Quem negociava era os investigados, mas nem sempre os bens estavam no nome deles”, ressaltou Hélio Telho.

De acordo com o procurador a prisão de Juquinha das Neves não foi decretada “como pena, castigo ou retribuição por um crime que ele eventualmente tenha cometido. O objetivo foi bem claro, quando ele teve uma parte dos bens bloqueados o ano passado ele adotou medidas para tentar esconder bens e frustrar o objetivo do sequestro anterior. A prisão é para evitar isso, temporária em prazo curto e que no máximo até segunda-feira ele vai ser solto”, afirmou.