Após o fracasso da queda para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro, o melancólico (para não dizer sofrível) Goiás versão 2015 vai aos poucos se desfazendo. Se desfazendo mas não se apagando da memória dos torcedores, como todos queriam. As doloridas atuações e derrotas desse Brasileirão ainda vão perdurar por algum tempo, ressoando e martelando a cabeça de muitos esmeraldinos que poderão “se gabar” de terem sido testemunhas de um dos piores times da história esmeraldina.

Pouco mais de um mês após a confirmação de mais um descenso para a Série B, vários personagens desse trágico-drama verde já se despediram dos sets de gravação e deixaram os estúdios esmeraldinos. Grande parte do “cast” já foi e não voltará: goleiros Wallace e Mateus, laterais Diogo Barbosa e Gimenez, meias Felipe Menezes, Juliano, Ygor, Rodrigo, Willian Koslowski e Juba, além dos atacantes Zé Love, Lucas Coelho, Ruan e Wesley.

Soma-se à eles Harlei Menezes, que saiu do papel de protagonista para assumir a cadeira de diretor e não deu conta, seja pelo orçamento baixo ou pela inexperiência (ou por qualquer outro motivo que cada um achar). Era necessário então remodelar tudo. Trocar, mudar, achar outros caminhos e buscar novamente uma estrelinha na calçada da fama. Para isso, a aposta do chefão da companhia foi em trazer de volta um velho (e bom) conhecido: Enderson Moreira.

Campeão em 2013 da mesma Série B com quem o Goiás irá se reencontrar, dono de recordes de invencibilidade e de aproveitamento em todo o futebol brasileiro em sua passagem pelo Verdão, Enderson está de volta. A missão? A mesma: recuperar o Goiás, fazê-lo vencedor novamente e dar de volta ao esmeraldino a autoestima. O filme irá se repetir? Será novamente um sucesso? Não sei. Mas que vale a aposta, ah, vale!

O grande problema de Enderson está fora dos gramados. Dizem (dizem porque relato o que escuto de quem acompanhou mais de perto o dia-a-dia do treinador na sua primeira passagem) que é um técnico de postura muito firme, de difícil relacionamento e às vezes autoritário. Dizem (leia-se novamente a explicação feita anteriormente) ainda que ele tem uma forte ligação com o seu empresário, Francis Melo, e que tem preferência por atletas que ele próprio indica. Dizem, reforço. Não é uma informação ou um posicionamento particular.

E tudo isso não é novidade no meio do futebol. Todas essas características lembram alguém? Pois à mim, sim: Vanderlei Luxemburgo. O famigerado “pofexô Luxa” pode estar em baixa hoje, mas que time do Brasil (e até do mundo, lembrando sua contratação pelo galáctico Real Madrid de Zidane, Ronaldo, Figo, Beckham e cia) não queria contar com os trabalhos do treinador nos anos 90? Problema de relacionamento e conduta duvidosa nunca o impediram de se tornar um dos maiores e mais vitoriosos técnicos que o Brasil já viu.

Pontuadas todas essas ressalvadas, em campo Enderson Moreira é indiscutivelmente um baita treinador. Um cara identificado com o clube e que tem total capacidade de reconduzir o Goiás nesse caminho para reencontrar sua grandeza. Por isso, acredito que o presidente Sérgio Rassi começou muito bem 2016, mesmo antes do ano efetivamente começar. Ele foi na melhor das apostas, na mais segura. Parabéns, Rassi, pela escolha feita, por bancar a sua convicção e por consegui-la realizar.

Se vai dar jogo, só o tempo para dizer. Mas que tem tudo para o filme do Goiás, sob direção de Enderson Moreira/Sérgio Rassi, ser refeito novamente no cenário nacional, isso tem.