A incidência de miopia entre crianças aumentou durante o isolamento social no Brasil, foi o que revelou um levantamento realizado pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO). As informações foram recolhidas de 295 profissionais especialistas no atendimento dessa faixa etária.

No mês de prevenção e combate à cegueira, conhecido como Abril Marrom, a Sagres conversou com o médico oftalmologista, Fernando Pacheco, para compreender alguns aspectos da saúde dos olhos. Um dos mais comuns é a miopia.

“A miopia é uma das quatro condições de problemas de grau que a gente chama de refracional do olho. O míope pode, por exemplo, ter de 0,25 o mais baixo grau que existe, até teoricamente graus muito elevados. Eu já vi pacientes com 27 graus, isso é raro, em trinta anos de profissão, eu vi dois pacientes com 27 graus”, afirmou Pacheco.

O oftalmologista explicou que existem duas condições mais comuns da miopia. A primeira é quando o olho se alonga e aumenta de tamanho. E a segunda é quando a córnea se torna mais curva do que o ideal, do que o normal, fazendo com que o foco também caia na frente. O Dr. Fernando explicou o que acontece com o olho do míope. 

“O foco da imagem cai antes da retina, isso faz com que a imagem fique borrada de longe e a pessoa tem que aproximar-se do objeto para enxergar mais nitidamente. Dependendo do grau, quanto maior o grau maior é a dificuldade, maior é a necessidade de uma correção, seja a correção visual temporária com o óculos ou lentes de contato, ou definitiva de um laser ou uma outra cirurgia em que se implanta uma lente dentro do olho para corrigir os graus mais elevados”, explicou o médico.

Segundo o oftalmologista, Fernando Pacheco, a miopia pode ser causada por fatores genéticos e por fatores de ambiente.

“A principal causa um tempo atrás era um fator genético, de uns anos pra cá, nós percebemos que o fator ambiental também é muito importante. Com o advento das atividades chamadas indoors, ou seja, fora do ambiente de casa, de trabalho, a pessoa teria a uma condição de ambiente que favorece não aumentar a miopia. E quando ela vai para dentro de casa, ambientes fechados, sem tomar a luz do sol, sem fazer as atividades ao ar livre, ela aumenta a probabilidade, principalmente se tiver o fator genético de desenvolver a miopia”, afirmou.

O médico argumenta que esse pode ser o fator que justifica a explosão de casos de miopia depois da pandemia, já que as pessoas ficaram quase dois anos dentro de casa, principalmente as crianças. Questionado se a exposição excessiva a aparelhos eletrônicos como televisão e computador foi o que mais favoreceu esse aumento, o especialista esclareceu que não.

“Não a luz da tela em si. A luz azul emitida pelos aparelhos eletrônicos interfere mais na produção da melatonina, que é um hormônio cerebral, que inclusive retarda o envelhecimento, ajuda no sono, tudo isso a luz azul provoca. Agora o que acontece de aumentar a miopia, é um fator mecânico mesmo, da criança ou da pessoa que está em desenvolvimento do globo ocular forçar muito a visão pra perto, fazendo com que o cristalino dela, o músculo abra bastante”, afirmou Pacheco.

Segundo o médico, quando o músculo fica contraído por mais tempo,  o cristalino vai ficar mais volumoso ainda, e isso faz a pessoa desenvolver com mais facilidade a miopia. No caso das crianças, o oftalmologista ainda alerta para o tempo de exposição dos pequenos ao sol.

“A criança que não toma sol de forma alguma, ela diminui bastante um hormônio que é importante pra saúde geral, inclusive dos olhos, que é a vitamina D3. Essa composição do forçar os olhos muito tempo pra perto, não piscar corretamente durante o uso de equipamentos eletrônicos, a baixa da vitamina D3 e a diminuição dos raios solares que fortalecem a córnea. O excesso de raio solar prejudica a retina, mas a falta também prejudica, principalmente a córnea. Existe um equilíbrio que deve ser atingido”.     

Confira a entrevista completa a partir de 10:53 

Leia mais: