As dificuldades financeiras do Estado só existem porque o governo atual recusou cumpriu o empréstimo de socorro financeiro à Celg costurado pela gestão anterior. Essa foi a tônica do depoimento do ex-secretário da fazenda, Célio Campos, à CPI das Contas do governo Alcides Rodrigues na manhã desta quarta-feira (01) na Assembleia Legislativa.

Desde que deixou o governo no final de dezembro do ano passado, ele ainda não havia falado publicamente sobre as contas do Estado e o acordo com o governo federal que previa um empréstimo de R$ 3,5 bilhões à Estatal goiana.

Aos deputados integrantes da Comissão, o ex-secretário relatou os fatos que levaram o empréstimo a ser inviabilizado. “O governo eleito, enviou um documento ao governo federal, por meio da Comissão de Transição, relatando que não queria o empréstimo, não pagaria e entraria com ação de improbidade. Toda a operação de crédito passa por um Comitê de Risco. Que membro vai emprestar um dinheiro se quem está pegando disser que não quer e não vai pagar?”, questionou.

Célio Campos disse ter alertado a Comissão de Transição do governo Marconi Perillo sobre as conseqüências nas contas do Estado com não liberação do empréstimo. “Passamos a ter um obstáculo difícil de passar e foi uma decepção muito grande esse recurso não vir. Nas reuniões que eu tinha com a comissão eu explicava que o governo atual é que iria usufruir disso tudo, mas não consegui demovê-los da ideia”, argumenta.

O ex-secretário também afirmou que a decisão do atual governo fez com que a Celg e o Estado tivessem recursos paralisados ou perdidos por conta da inviabilização do empréstimo.

“Com o contrato assinado, a CELG estaria adimplente e teria pra ela buscar mais de R$ 500 milhões para investimento e isso está parado. Não entendo porque não querer assinar aquele contrato. Não consigo entender”.

Prioridades

Sobre a acuação dos governistas de que a gestão Alcides priorizou o pagamento de empreiteiras e não a folha de pagamento, Célio justificou que os recursos eram carimbados, ou seja, tinham destinação específica.

O ex-secretário da Fazenda também disse que o governo atual não quis pagar até o dia 10 janeiro a folha de dezembro, sendo que a maior parte dela foi quitada em no final do ano.

“Pagamos a folha antecipadamente de maio de 2007 a dezembro de 2009 e nós sabíamos que até o dia 10 de janeiro a arrecadação por si só pagaria a folha, mas ele não quis pagar”, concluiu.