Uma grande diferença no borderô divulgado pela administração do Serra Dourada e o público anunciado no próprio estádio no dia de Vila Nova x Brasil de Pelotas acabou resultando uma grande confusão. Por isso, nessa quarta-feira (04) o administrator do Serra, Itamir Campos, o “Gueiroba”, e o representante da empresa Acesso Mais, que cuida da venda de ingressos e da entrada dos torcedores ao estádio para o Vila, Leandro Brito, compareceram ao programa Debates Esportivos para elucidar as dúvidas.

No borderô registrado pelo Serra Dourada, consta um número total de presentes no estádio de 40.503 pessoas, enquanto os registros da Acesso Mais contabilizam que apenas 25.045 passaram pelas catracas que controlam o acesso ao interior do estádio. Entre esses valores logicamente estão dentro as gratuidades, idosos e crianças, e as pessoas que trabalharam no evento. Somam-se à eles cerca de 4.000 sócios-torcedores do Tigrão que também não passam pelas catracas.

No total foram registrados pela administração do estádio 503 não-pagantes, entre imprensa, polícia, quadro de servidores da Acesso Mais e do Serra Dourada etc. Existiram mais 2.922 menores de 13 anos, que não pagam ingresso, e 15 índios que por lei contam com gratuidade. Somando, ainda restariam pouco mais de 10 mil de diferença, onde entram os sócios-torcedores (não há controle de quantos foram dos 4.000 possíveis) e também o vácuo existente entre o público pagante anunciado pelo Vila (35.500) e o público presente (25.043).

O borderô do Serra Dourada foi montado em cima de um público de 35.500, que foi o repassado oficialmente pela diretoria do clube à administração do estádio. Esse montante também serviu de base para que o estádio recebesse a renda de aluguel pelo jogo, 10% da renda total. Foi anunciado uma renda de 207.500 reais, o Serra recebeu pouco mais de 20.000. O administrador do estádio, Itamir Campos, o Gueiroba, explica:

“O Serra Dourada tem o borderô dele de circulação interna, realizado pela empresa TRIP. Mas não temos acesso ao controle dos números da entidade que comanda o jogo, no caso o Vila Nova. O clube, por sua vez, repassou esse controle para a empresa Acesso Mais. Nos números que recebi davam conta de que 40.503 pessoas estavam no Serra Dourada”.

“O Vila Nova me avisou que vendeu 35. 000 ingressos e o Serra Dourada recebeu em cima desse número de 35.000 mil pagantes, num valor de 5 reais por ingresso de arquibancada e 10 por ingresso de cadeira. Nas bilheterias do Serra Dourada não foram comercializados um ingresso sequer, então o que o Vila fechou com a Rei Petro não me compete”.

Enquanto isso, o dono da Acesso Mais, Leandro Brito, garante que passaram pelas catracas apenas os 25.045 registrados no borderô do clube:

“Passaram 25.045 pessoas, contadas pelas catracas. Existe também o fato das crianças não serem registradas pelas catracas, isso dá uma diferença, todas elas passam por debaixo da catraca e não são contabilizados no público geral. A minha empresa não faz o controle desse número, contabilizamos apenas os que rodam a catraca”.

VILA NOVA E REI PETRO

A diferença grande entre o público pagante e presente se deve a uma negociação que o Vila Nova faz com um parceiro comercial. O clube vende a carga total de ingressos para a empresa, que repassa ao torcedor através de rifas, com valores definidos pela Rei Petro. Leandro Brito, da Acesso Mais, revela que também foi procurado pelo presidente Guto, com essa negociação e acabou recusando a proposta:

“O Guto me ofereceu essa negociação, mas eu fiquei com receio por causa da situação delicada financeiramente do Vila Nova, seria um grande compromisso, e a Rei Petro acabou fechando essa transação para o campeonato inteiro. A minha empresa não teve interesse”.

INGRESSOS FALSIFICADOS

Não só o borderô causou confusão no jogo entre Vila Nova e Brasil de Pelotas. Nas bilheterias, os ingressos se esgotaram e muitos torcedores passaram a comprar de cambistas. O que eles não sabiam é que tinha uma máfia vendendo ingressos falsificados e, com isso, inúmeras pessoas foram atingidas pelo golpe. A direção do Vila, juntamente com a Acesso Mais, foram à polícia para dar início a investigação e no dia da partida algumas pessoas foram presas.

Leandro Brito explica o ocorrido: “Aconteceu que vários códigos não bateram, não eram da nossa empresa. Até a bobina de impressão eu tenho controle, sei qual está em qual lugar e quantos ingressos ela pode imprimir. Na hora reconhecemos que não era produto nosso, a bobina era de outro evento, muito claramente que era falsificado”.

Ele finaliza: “tive uma reunião com o Guto e ele se comprometeu a dificultar ainda mais a ação dos cambistas, evitar que sobrem ingressos para cambistas para que esse tipo de problema não volte a acontecer, é um absurdo”.