“Eu quero deixar bem claro que eu sou uma pessoa bem clara em todas as situações, e o que for necessário nessa entrevista, for necessário para esclarecer, pode perguntar”. Assim o diretor de futebol do Atlético-GO, Ádson Batista, iniciou os quase 37 minutos de entrevista durante o programa “Debates Esportivos”, da RÁDIO 730. Disposição não faltou ao dirigente para comentar sobre vários assuntos que envolvem o momento complicado do clube.
Ouça a entrevista na íntegra:
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E a primeira garantia que o diretor fez questão de dar foi a de que ele em momento nenhum se sentiu ameaçado no cargo. “Eu tenho um ambiente muito favorável aqui no Atlético. No Atlético eu me sinto em casa. Eu tenho autonomia no que eu faço, e eu tenho pessoas aqui, que me dão todo o apoio necessário”, declarou Ádson. O homem forte do futebol no dragão ressaltou o trabalho feito nos últimos cinco anos que levou o time à estabilidade que tem hoje como um grande trunfo, e que por isso não há motivos para cogitar sua saída.
“Eu tive várias oportunidades pra sair daqui, e não sair, porque eu gosto do clube. Temos um planejamento aqui, e tudo que planejamos deu certo”, revelou. Ainda sobre essa situação, o dirigente foi questionado sobre uma possível insatisfação de alguns jogadores com o trabalho do diretor. Ao falar sobre esta possibilidade, Ádson foi categórico.
“Isso é uma situação que eu até me sinto mal de ouvir isso, porque não tem cabimento isso. Eu sou uma pessoa bem decidida na minha vida. O dia que eu não tenha um ambiente favorável, eu vou ser o primeiro a sair”, comentou. “Esse negócio de jogador querer derrubar dirigente está muito ultrapassado. Aqui é olho no olho, são discutidas as coisas com honestidade, com credibilidade. Eu jamais prometo situações com o jogador que eu não possa cumprir. É a linha de trabalho do Atlético”, complementou.
Saída de René Simões
“O René, eu sempre digo aqui pra todos, se ele fosse mais novo eu queria até que ele casasse com a minha filha, por ser uma pessoa tão preparada, boa gente, um caráter fantástico”. Assim Ádson Batista definiu a admiração que tem pelo ex-treinador rubro-negro. Mas todos as boas qualidades de René não foram o bastante para mantê-lo no clube e, segundo o cartola, o problema de saúde que o técnico teve no início do ano atrapalhou um pouco seu rendimento.
“Esse ano o René teve um problema de saúde e isso o prejudicou, o deixou afastado algum tempo, e a gente normalmente sentia que o René não estava com cabeça. Lógico que ele é uma pessoa fantástica, tenta superar tudo, mas não estava com foco que estava no ano passado“, declarou. Ádson disse que o momento e os resultados adversos levaram a diretoria a decidir que era a hora para trocar o modelo de trabalho na comissão técnica.
“Infelizmente no futebol você tem que dar um choque de gestão, tem que mudar a filosofia, trazer uma filosofia diferente. O jogador quando começa olhar pro seu comandante e começa a fazer cara de paisagem, você tem que se preocupar”, comentou. Entretanto, o profissionalismo e a seriedade de René marcaram a cúpula do clube, e um possível retorno não é descartado. “É um treinador que daqui a pouco pode vir trabalhar no Atlético de novo. É um grande profissional, mas naquele momento que tínhamos que tomar aquela decisão”.
Elenco
Junto com os resultados adversos vieram também algumas declarações fortes de jogadores e também de dirigentes rubro-negros, mais especificamente o goleiro Márcio e o vice-presidente Maurício Sampaio. A certeza de Ádson Batista é de que estes assuntos internos já foram controlados, e o atual ambiente no clube está tranquilo.
“Às vezes o Márcio deu uma declaração mais áspera, às vezes o Maurício falou alguma coisa no calor do jogo, mas eu deixo bem claro que o Maurício é hoje no Atlético insubstituível. Conversei com o Márcio e em momento nenhum eu o proibi de falar alguma coisa. Ele só tem que saber o lugar dele, e ele sabe. Ele é um grande profissional, tem história dentro do clube, e às vezes se contamina com uma coisa ou outra, mas essas coisas são administráveis”, declarou.
Batista reforçou que a diretoria atleticana sempre teve pulso firme, e terá frieza no momento de tomar as decisões que forem necessárias pra manter a estabilidade na equipe. Ádson comentou inclusive sobre os comentários de Maurício Sampaio, de que alguns volantes no clube “gostam da noite”. “O Maurício não mentiu em momento nenhum. O Pituca é um cara fantástico, o Agenor, são pessoas administráveis, o Murício é fantástico, mas saímos até fortalecidos disso”, disse.
Robston
Um momento que também gerou implicações não só na harmonia do clube, mas também no rendimento da equipe foi a saída de Robston. E Ádson Batista admite que o time sente a ausência do jogador. “isso é inegável, não vou ficar aqui mentindo pras pessoas. O Róbston era um jogador de personalidade muito forte, cobrava dentro de campo, um jogador tecnicamente indiscutível, mas chegou um ponto que não dava mais, chegou um ponto de desgaste faraônico”, comentou.
E o problema parece não ter se afastado do Atlético-GO. Ádson revelou que um jogador está tomando o mesmo rumo que Robston, sob influência do empresário. “Eu estou com problema aqui. Não escondo de vocês não. Tem um jogador que já fui pressionado pelo seu empresário. Empresários, a maioria, os caras são bonitos. Cumprir contrato, motivar o atleta eles não fazem, fazem é tirar o atleta daqui, e cria muitas situações difíceis”, disse.
Volta por cima
Todos os esclarecimentos de Ádson vieram com uma garantia: a de que o time irá se reerguer. “Futebol tem uma palavra mágica: resultado, e o resultado, quando não vem, traz intranquilidade, traz um ambiente que não é favorável, mas nós somos fortes, vamos superar tudo isso”, disse. O diretor exaltou o papel de PC Gusmão atualmente, principalmente no resgate da auto-estima e confiança dos jogadores.
“O PC sabe que vai trabalhar com um time de guerreiros, nós vamos contratar quatro, cinco jogadores nessa linha”, afirmou. Segundo ele, o novo treinador está bastante satisfeito com o que tem encontrado no clube. “O PC chegou pra mim e disse: ‘Ádson, o Vasco da Gama, que é um dos maiores clubes Brasil, não tem 10% da estrutura que vocês tem aqui hoje’”. O diretor promete um time com garra e disposição para o restante da temporada, mas tudo isso esbarrará nas dificuldades financeiras.
“O Atlético não vai contratar aqui jogador que ganha salário faraônico, não temos dinheiro pra isso, só se aparecer. O presidente está trabalhando muito, sobrecarregado, buscando alternativas. Nós temos orçamento pequeno pra série A”, disse. Perguntado sobre possíveis nomes como Alex Morais (zagueiro), Reinaldo Alagoano e Wellington Amorim (atacantes), Ádson recuou. “Nenhum jogador foi procurado. Esses jogadores não vão vir pro Atlético, nós estamos trabalhando em outra linha, tentando reforçar sem iludir torcedor”, finalizou.