A cidade tem o pior aeroporto de capitais brasileiras e o fato nos envergonha há muitos anos. Agora, pela enésima vez, a Infraero promete deixar a porcaria menos emporcalhada. Infraero é a polêmica estatal que deveria cuidar dos aeroportos no País. Sua nova promessa é enfiar 252 milhões de reais no velho e obsoleto Aeroporto Internacional Santa Genoveva. O aeroporto só de tem internacional a má fama e o papa Francisco, se tivesse pousado aqui, certamente consideraria herege quem associa o nome da santa àquele lixo.

O quarto de bilhão de reais será gerido por ela, sempre ela, a Odebrecht, a empreiteira das grandes obras em Goiás. Óbvio que é coincidência, mas falou que tem muito dinheiro envolvido pode olhar quem ganhou a concorrência… No caso do aeroporto, o escândalo é antecipado, pois não existe explicação para continuar enterrando dinheiro naquilo. O certo é manter o Santa Genoveva para pequenas aeronaves, em voos domésticos, e construir um aeroporto de verdade na região entre Inhumas e Terezópolis. Mas insistem no erro e estão fazendo um aeroporto de cargas em Anápolis e atolando verba pública em Goiânia. O novo aeroporto atenderia a todos os modais viários de Anápolis e aos passageiros da Capital. Ótimo para exportar a produção, excelente para receber turistas.

O Santa Genoveva foi ferido de morte pela expansão imobiliária. Jatos imensos pousam a poucos metros do teto de milhares de casas. A melhor ideia de aproveitamento do aeroporto é de autoria do então secretário estadual de infraestrutura, Wilder Morais. Hoje senador, Wilder propôs parceria com a Embrapa, que tem 30 alqueires em frente ao aeroporto, do outro lado da BR 153. Pelo projeto de Wilder, a área da Embrapa, que está sem uso, teria pista para pousos e descolagens e, por baixo, seria feito um túnel para a rodovia. O projeto é bom, mas está parado.

Para resolver mesmo o problema, Goiás precisa de um anel viário que passe direto de Hidrolândia a Goianápolis, tirando de Goiânia o tráfego pesado. E carece, com urgência, de um aeroporto de grande porte entre Anápolis e Goiânia. O restante é medida emergencial para rasgar impostos com empreiteiras. É o que se faz com tantos puxadinhos no aeroporto. E que a memória de Genoveva, a mãe de Iris Rezende, nos perdoe por usar seu santo nome em vão.