O escritor Altair Sales lançou nesta semana o livro Réquiem para o Cerrado – O simbólico e o real na terra das plantas tortas. A proposta da obra é contar, de maneira simbólica, a história do Cerrado ao longo da última década. Em entrevista ao Tom Maior nesta terça (4), Altair explicou o significado do nome “Réquiem”.
“É uma palavra latina, que vem do campo das encomendadeiras de alma, do campo de lamentação, e geralmente lamentam a morte de um ambiente, então na realidade, Réquiem para o Cerrado é uma oração de morte para o Cerrado”, esclarece.
Para o professor e escritor, a estratégia para cuidar do Cerrado foi uma mudança de linguagem, o que pode fazer a diferença em relação à preservação do bioma. “Eu tentei buscar outras formas de tentar atingir um público maior, dentro é claro dos parâmetros da educação, utilizando os símbolos que a população usa. Aproveitei a utilização desses símbolos e comecei a escrever algumas histórias, a primeira história que sai é essa”, salienta.
Conhecido como coração do Brasil, não só por sua localizado na região central do país, o Cerrado é a fonte da qual brotam os veios d’água que alimentam boa parte das bacias hidrográficas brasileiras.
Com a geografia marcada por planaltos, o bioma abriga diversas nascentes e importantes áreas de recarga hídrica, desempenhando um papel fundamental para as principais bacias hidrográficas brasileiras e sul-americanas. Por esse motivo, é denominado como “berço das águas” ou a “caixa d’água do Brasil”.
No entanto, o segundo maior bioma da América do Sul vem sendo destruído silenciosamente ao longo dos anos. Altair destaca que dedicou toda a sua vida ao estudo do Cerrado, já são cinquenta anos trabalhando nos mais diversos tipos de ações de preservação e, de acordo com ele, nenhuma delas surtiu o efeito esperado.
“Em termos de preservação isso tudo não resultou praticamente em nada, porque a cada dia que passa a gente vê que o cerrado perde um pouco da sua biodiversidade”, declarou.
Apesar do significado forte, o autor salienta que ainda há esperança e que a escolha do nome é uma forma simbólica de alerta para um problema que não renderá bons frutos. Altair acredita que a preservação do Cerrado está nas nossas mãos.
“Mas tudo isso depende de conhecimento, então nós temos que nos fundamentar em conhecimentos bem embasados para que nós possamos tomar atitudes de planejamento e com isso traçar os nossos caminhos para o futuro”, afirmou.
Confira a entrevista na íntegra a entrevista com Altair Sales Barbosa no Tom Maior #68